O preso político russo Vladimir Kara-Murza Jr., que havia desaparecido da prisão siberiana onde estava a cumprir uma sentença de 25 anos, foi transferido para uma nova colónia penal, também na região de Omsk, na Sibéria, e colocado numa cela de castigo. A informação foi revelada por um dos seus advogados, esta terça-feira.
De acordo com a Reuters, que cita o jornal Novaya Gazeta Europe, Kara-Murza escreveu à advogada Maria Eismont e informou-a de que a transferência era uma punição por não se ter levantado na altura certa, o que foi considerado uma "violação maliciosa" pelas autoridades.
De acordo com o jornal Novaya Gazeta Europe, Kara-Murza escreveu à sua advogada Maria Eismont que a transferência era uma punição pelo facto de não se ter levantado na altura certa, o que as autoridades consideraram uma "violação maliciosa".
Além disso, revelou que foi enviado para uma cela de castigo conhecida pelas iniciais EPKT, uma sala com as mais rigorosas condições de isolamento do sistema prisional russo.
De notar que foi na segunda-feira que os apoiantes de Kara-Murza, de 42 anos, revelaram que este havia desaparecido na prisão onde estava na região de Omsk.
Um advogado de Kara-Murza, Vadim Prokhorov, disse que outro advogado que o tinha tentado visitar recebeu a informação de que ele já não estava na prisão, segundo o canal noticioso Agentstvo, da Telegram.
As transferências no sistema prisional russo estão envolvidas em segredo e os detidos podem desaparecer durante semanas.
Kara-Murza foi detido em 2022 e sentenciado a 25 anos, sob acusações baseadas no discurso que proferiu na Câmara dos Representantes do Estado do Arizona, quando denunciou a invasão da Ucrânia pelas tropas da Federação Russa.
O ativista político e jornalista, que já sobreviveu a duas tentativas de envenenamento que atribuiu aos dirigentes russos, classificou as acusações de que foi alvo como um castigo por ter enfrentado o presidente russo, Vladimir Putin, e equiparou o seu julgamento aos realizados durante o tempo de Estaline.
Sob Putin, as ações para neutralizar a oposição e abafar as críticas intensificaram-se depois do início da invasão da Ucrânia, incluindo a aprovação de uma lei que criminaliza relatos considerados difamatórios dos militares russos.
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