"Um dos sinais de fracasso é a tentativa dos Estados Unidos de procurar a ajuda da China para mediar e persuadir-nos a parar com as nossas operações de apoio ao povo palestiniano contra os navios israelitas e aos associados ao inimigo israelita", afirmou Abdelmalek al-Huti num longo discurso transmitido na televisão.
O líder dos Hutis não explicou se houve conversações diretas com a China, cujos navios não foram alvo de ataques desde que os rebeldes iemenitas iniciaram a sua campanha de ações contra a navegação comercial no Mar Vermelho.
Abdelmalek al-Huti assegurou, no entanto, que "a China percebe que não é do seu interesse subordinar-se aos Estados Unidos", especialmente depois de Washington ter imposto a Pequim "sanções económicas e tentar limitar o seu crescimento económico".
"A China não se envolverá em servir os Estados Unidos nem em trabalhar a favor dos seus interesses", acrescentou o líder dos Hutis, que apesar de não serem reconhecidos por Pequim mantêm uma relação ambígua com o gigante asiático devido aos seus laços com o Irão.
Abdelmalek al-Huti fez estas declarações depois de os meios de comunicação árabes terem afirmado na semana passada que a China pediu ao Irão que intercedesse para impedir os ataques no Mar Vermelho, que também forçaram algumas companhias marítimas chinesas a alterar as suas rotas.
A China e o Irão reforçaram recentemente as suas relações bilaterais, como resultado do acordo de cooperação de 25 anos que Teerão e Pequim selaram em 2021, que prevê investimentos chineses nos setores energéticos e de infraestruturas iranianos, em troca de petróleo e gás.
O país asiático adotou uma postura de não intervenção contra os ataques no Mar Vermelho, a rota mais rápida entre a China e a Europa, apesar de ter condenado estas ações e exigido a sua cessação.
Desde novembro, os rebeldes iemenitas têm atacado repetidamente navios no Mar Vermelho devido à ofensiva de Israel na Faixa de Gaza contra o grupo islamita palestiniano Hamas, iniciada em outubro, focando maioritariamente as suas operações contra embarcações israelitas ou com ligações a Israel.
No entanto, os Hutis têm frequentemente visado navios com ligações ténues ou inexistentes a Israel, pondo em perigo a navegação numa rota fundamental para o comércio global entre a Ásia, o Médio Oriente e a Europa.
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