O Partido Democrático Senegalês (PDS) anunciou, num comunicado divulgado na noite de sexta-feira, uma "proposta de lei" para adiar as eleições, com o objetivo de "preservar a integridade e a transparência do processo eleitoral senegalês".
"A nossa iniciativa parlamentar é motivada pelos inúmeros incidentes e desafios que distorceram o processo eleitoral, colocando em evidência disfunções graves", afirmou o PDS.
A formação denunciou a "eliminação arbitrária de candidatos" das listas eleitorais, levando ao completo descrédito da democracia e das instituições no Senegal, país vizinho da Guiné-Bissau.
Assim, embora não tenha fixado uma data específica, o PDS propôs que a votação fosse adiada no máximo em seis meses, algo inédito na história democrática do Senegal desde a sua independência de França em 1960.
"Este projeto de lei permitirá reparar os danos sofridos por mais de 40 candidatos rejeitados nestas eleições presidenciais", disse o próprio Karim Wade, filho do antigo Presidente Abdoulaye Wade (2000-2012), na rede social X.
O PDS fez este pedido depois de o Conselho Constitucional, órgão que tem a palavra final sobre as candidaturas presidenciais, ter publicado no dia 20 de janeiro a lista final, que incluía apenas 20 das 93 candidaturas inicialmente apresentadas.
Ficaram de fora, entre outros, Karim Wade e o principal líder da oposição no país, Ousmane Sonko.
Wade anunciou então que iria tomar "ações legais perante os tribunais internacionais", incluindo o Tribunal de Justiça da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Também a defesa de Sonko, cuja candidatura foi considerada incompleta pelo Conselho Constitucional, já tinha garantido anteriormente à agência de notícia EFE que apresentaria recurso caso não fosse incluído na lista.
Desde a sua detenção em julho passado, o líder da oposição, de 49 anos, está privado de liberdade e imerso numa batalha judicial para poder participar nas eleições. As autoridades acusam-no, entre outras coisas, de apelar à insurreição, de ataque à segurança do Estado e de associação criminosa com uma organização terrorista.
Em 03 de julho, o Presidente senegalês Macky Sall -- no poder desde 2012 -- confirmou oficialmente que não iria tentar um terceiro mandato nas eleições e, em setembro, nomeou o atual primeiro-ministro, Amadou Ba, como candidato da coligação Yaakaar (Unidos pela Esperança, na língua wolof).
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