"As duas pessoas foram mortas por volta das 14:15 locais (08:15 em Lisboa) quando foram disparados tiros na aldeia de Jalpaitoli", junto à fronteira, disse à agência France-Presse o chefe da polícia local, Abdul Mannan.
No domingo, os combates na Birmânia, perto da fronteira com o Bangladesh, foram relatados por residentes que confirmaram os disparos.
A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) afirmou que os profissionais na cidade portuária de Cox's Bazar, no Bangladesh, tinham "recebido um grande número de feridos em resultado dos combates na fronteira".
Segundo a organização, 17 pessoas feridas deram entrada no hospital do campo de refugiados de Kutupalong para tratamento até à noite de domingo.
O Ministro do Interior do Bangladesh, Asaduzzaman Khan, declarou que pelo menos 14 guardas fronteiriços do estado birmanês de Rakhine "entraram no território" para se protegerem do avanço dos rebeldes do autointitulado Exército de Arakan (AA).
O AA, constituído por combatentes de minorias étnicas, trava há anos uma guerra intermitente pela autonomia da população de etnia Rakhine que vive perto da fronteira com o Bangladesh.
O canal privado de televisão do Bangladesh Channel 24 informou que pelo menos 66 guardas fronteiriços birmaneses tinham procurado refúgio no Bangladesh, incluindo dez com ferimentos de bala.
"O Exército de Arakan capturou muitas partes do Estado de Rakhine e, de acordo com as nossas informações, está a avançar", disse domingo o ministro em Daca.
Partes da Birmânia próximas da fronteira de 270 quilómetros com o Bangladesh - bem como com a vizinha Índia, a norte - têm sido palco de frequentes confrontos desde novembro do ano passado, quando os combatentes do AA puseram fim a um cessar-fogo amplamente respeitado desde o golpe de Estado de 2021.
Em outubro de 2023, uma aliança composta por insurgentes do AA e outros combatentes de minorias étnicas lançou uma ofensiva conjunta no norte da Birmânia, apoderando-se de centros comerciais na fronteira com a China.
Os aldeões do Bangladesh que vivem perto da fronteira disseram temer que os combates pudessem "transbordar" para o país vizinho.
O Ministro do Interior disse ainda que o Bangladesh reforçou a segurança ao longo da fronteira e que tenciona contactar as autoridades de Myanmar (Birmânia).
O Bangladesh já acolhe cerca de um milhão de refugiados de etnia Rohingya, expulsos da Birmânia durante uma repressão militar em 2017.
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