O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, defendeu, esta quarta-feira, que não será possível chegar a um acordo de paz na Faixa de Gaza "sem derrotar o Hamas".
A posição do governante israelita surge após o grupo islamita Hamas ter proposto um acordo de trégua em três fases, que incluiria a libertação dos reféns raptados em 7 de outubro e a retirada total das tropas israelitas da Faixa de Gaza.
Citado pelo jornal britânico The Guardian, Netanyahu revelou que tem "abordado uma série de acordos de paz importantes". "Mas não vamos conseguir chegar a esses acordos, a esses tratados de paz e à normalização sem derrotar o Hamas", acrescentou.
Questionado sobre as exigências do Hamas para libertar prisioneiros palestinianos em troca de reféns israelitas, Netanyahu frisou que Israel não se "comprometeu com nada".
"Não nos comprometemos com os números realmente enormes de que falam os terroristas que devemos libertar. É suposto haver algum tipo de processo de negociações com os mediadores, mas pelo que vi após a resposta do Hamas, não sei o que está a acontecer", explicou.
"Render-se às exigências delirantes do Hamas que ouvimos agora não só não levará à libertação dos reféns, mas apenas convidará a outro massacre", disse ainda.
"Estamos a caminho de uma vitória absoluta", disse Netanyahu, acrescentando que a operação militar deverá durar apenas mais alguns meses, não anos.
O grupo islamita indicou que as três fases da sua trégua teriam uma duração de 45 dias cada.
Na primeira, os reféns "mulheres e crianças [menores de 19 anos, não militares)], idosos e doentes, seriam libertados em troca de um número específico de prisioneiros palestinianos", segundo o plano do Hamas, que foi entregue na noite de terça-feira aos mediadores do Qatar e do Egito e divulgado esta madrugada a rede social Telegram.
Na primeira fase das três propostas, o Hamas também exigiu a retirada das forças aéreas israelitas das zonas povoadas da Faixa de Gaza, a entrada de mais ajuda humanitária e o início da reconstrução de hospitais e casas, juntamente com a criação de acampamentos temporários.
Por sua vez, segundo o texto, seriam estabelecidas "conversações indiretas" com Israel para acabar com a guerra e "regressar à paz completa", uma exigência que até agora Israel sempre negou.
Numa segunda fase, todos os homens raptados seriam libertados em troca de um número ainda a ser determinado de prisioneiros palestinianos, bem como haveria a retirada completa do exército israelita do enclave palestiniano.
Na terceira fase, segundo o relatório, os corpos sem vida dos reféns, pelo menos 27, e de outros prisioneiros já mortos seriam trocados entre as partes.
Na noite de terça-feira, os islamitas do Hamas já tinham anunciado que tinham respondido ao projeto de acordo "com espírito positivo", mas os detalhes dos parâmetros em negociação não tinham sido ainda revelados.
[Notícia atualizada às 18h52]
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