Poroshenko, deputado e líder do partido de centro-direita Solidariedade Europeia, explicou que a decisão lhe foi transmitida pelo presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, depois de as autoridades terem decidido não permitir a sua saída.
De acordo com a nova legislação ucraniana, que entrou em vigor em 01 de janeiro de 2024, os deputados devem possuir autorização do Ministério dos Negócios Estrangeiros para se deslocarem ao estrangeiro para participar em conferências e outros eventos de caráter político.
"O chefe dos serviços secretos, Kiril Budanov, por algum motivo informou ao presidente do Parlamento, Ruslan Stefanchuk, que imediatamente após cruzar a fronteira entre a Ucrânia e a Polónia, e especialmente em Munique, eu, como quinto presidente e líder do oposição, corria perigo de morte", frisou Poroshenko, num vídeo publicado nas suas redes sociais.
"Nem o Departamento de Segurança do Estado nem todo o sistema de segurança alemão são capazes de me proteger como pessoa", acrescentou, com ironia, o ex-presidente, apelando ainda às autoridades do seu país para não se exporem perante a comunidade internacional.
Em 01 de dezembro de 2023, Poroshenko foi detido na fronteira quando se preparava para atravessar para a Polónia, antes de viajar também para os Estados Unidos, após o cancelamento das suas autorizações para deixar o país.
Os Serviços de Segurança da Ucrânia (SBU) revelaram na altura que o antigo presidente foi impedido de viajar para o estrangeiro porque corria o risco de ser "instrumentalizado pelos russos".
Poroshenko tornou-se Presidente da Ucrânia em junho de 2014, após os protestos Euromaidan, que levaram à queda do então presidente Viktor Yanukovych, após rejeitar um acordo com a União Europeia (UE) em favor de outro com a Rússia.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
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