Hamas ameaça abandonar negociações se não houver mais ajuda humanitária

O grupo islamita Hamas ameaçou hoje abandonar as negociações de paz se não for rapidamente entregue ajuda adicional à Faixa de Gaza, incluindo no norte do enclave, ameaçado pela fome.

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© REUTERS / Ibraheem Abu Mustafa

Lusa
17/02/2024 17:39 ‧ 17/02/2024 por Lusa

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Israel

"As negociações não podem ocorrer enquanto a fome corroer o povo palestiniano. O movimento pretende suspender as negociações até que a ajuda seja levada ao norte de Gaza", avisou um líder do Hamas num comunicado transmitido pela al-Aqsa, o canal oficial do movimento.

Um alto funcionário do movimento islâmico, que pediu anonimato, confirmou "que os mediadores egípcios e do Qatar foram informados da intenção do Hamas de suspender as negociações até que seja fornecida ajuda na Faixa de Gaza".

As negociações sobre uma trégua nos combates, à libertação de reféns detidos em Gaza e de prisioneiros palestinianos detidos por Israel, prosseguem através dos países mediadores: Egito, Qatar e Estados Unidos.

Hoje, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed ben Abdelrahmane al-Thani, admitiu que as negociações "não têm sido muito promissoras", mas prometeu continuar os esforços para conseguir a paz na região.

"Continuaremos sempre otimistas. Continuaremos a pressionar. Faremos o nosso melhor para nos aproximarmos", disse Mohammed ben Abdelrahmane al-Thani.

Nas negociações, o Hamas insiste, entre outras coisas, num "cessar-fogo total" e na retirada das forças israelitas da Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, cuja guerra em Gaza visa "aniquilar" o movimento islamita, recusa nesta fase as exigências do Hamas e fala de uma pausa nos combates, em vez do fim das hostilidades, e insiste na entrega total dos reféns mantidos pelo grupo islamita.

O primeiro-ministro do Qatar insiste que um acordo sobre os reféns "não deve ser uma condição" para travar a guerra na Faixa de Gaza.

"Acreditamos que parar a guerra trará os reféns de volta. Mas gostaríamos de ver isso sem mais desculpas. Este é o dilema em que nos encontramos e que, infelizmente, tem sido mal utilizado por muitos países para conseguir um cessar-fogo", disse Al-Thani, que defende que o acordo de libertação de reféns não deve ficar associado às negociações de paz.

Também hoje, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, discutiu a situação no Médio Oriente em duas reuniões separadas, com o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, e o ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan.

Borrell e Mikati comprometeram-se a "colaborar estreitamente" para propor um processo de paz abrangente para toda a região do Médio Oriente, que vive uma escalada da guerra nos últimos meses, com a guerra em Gaza e com os ataques dos rebeldes xiitas Houthi do Iémen a navios mercantes que passam pelo Mar Vermelho.

O chefe da diplomacia europeia e o primeiro-ministro libanês expressaram também uma "preocupação partilhada" sobre a "escalada perigosa" que está a ocorrer na fronteira entre o Líbano e Israel desde o início da guerra em Gaza, de acordo com um comunicado divulgado pela equipa de Borrell na rede social X.

Entretanto, hoje, dezenas de palestinianos foram mortos em novos bombardeamentos noturnos israelitas na Faixa de Gaza, onde o Exército alega ter detido 100 pessoas num hospital em Khan Younes, no sul do enclave, invadido pelos seus soldados.

O Ministério da Saúde do Hamas já fez saber que teme pela condição em que se encontram os 120 doentes e as cinco equipas médicas retidas no hospital que o grupo islamita diz estarem sem água, comida e eletricidade.

[Notícia atualizada às 18h16]

Leia Também: Gaza. Morreram 5 doentes nos cuidados intensivos por falta de oxigénio

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