A morte de Alexei Navalny, que cumpria uma pena de 19 anos de prisão numa colónia penal no Ártico russo, chocou o mundo na sexta-feira. E foi também "um dia muito triste" para a Rússia, sublinhou Marina Litvinenko, cujo marido foi envenenado em 2006, que falava na capital britânica.
O seu marido, Alexander Litvinenko, um agente da KGB, posteriormente FSB, exilado no Reino Unido após revelações - muitas delas inverificáveis -, morreu aos 43 anos em 23 de novembro de 2006, cerca de 20 dias depois de ter sido envenenado com polónio 210, uma substâncias radioativa bastante tóxica.
"Compreendo perfeitamente como Yulia [Navalny] se pode sentir depois do que aconteceu ao seu marido", afirmou Marina Litvinenko com cólera e emoção.
"Foi um dia muito triste, não só para a família de Alexei Nalvalny - sua mulher, filho e filha -, mas também para muitos russos que sonham com um futuro melhor para o seu país", sublinhou.
Marina Litvinenko, que há muito luta para que as circunstâncias da morte do marido sejam esclarecidas, apelou à viúva do opositor para que garanta que a comunidade internacional "nunca se esqueça" da morte do marido.
"Não basta falar sobre isso ontem, hoje e talvez por mais alguns dias. Teremos de falar sobre isso o tempo que for necessário até que Yulia obtenha justiça", reforçou.
O inquérito público britânico concluiu em 2016 que Vladimir Putin "provavelmente aprovou" a morte de de Alexander Litvinenko, perpetrado segundo o mesmo pelo empresário Dmitri Kovtoun e pelo antigo agente secreto que se tornou deputado, Andreï Lugovoi, com quem o ex-espião tomou chá no 1.º de novembro de 2006.
Da mesma forma, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou a Rússia "responsável" por este assassinato em 2021, o que o Kremlin sempre negou.
Para a mulher do ex-espião, a morte de Alexei Navalny deve levar a comunidade internacional, e em particular os países ocidentais, a passar "das palavras aos actos face ao Presidente russo, único candidato à sua reeleição em março.
"É importante que [os líderes] digam o quanto se arrependem e simpatizam, mas não é suficiente", defendeu.
Para ela, estes "atos" envolvem, sobretudo, o apoio à Ucrânia, em guerra contra a Rússia há quase dois anos após a invasão lançada por Moscovo.
"A única forma de ajudar a oposição russa a derrubar o regime de Putin é apoiar a Ucrânia", disse Marina Litvinenko, acreditando que só uma vitória ucraniana poderia "encorajar os cidadãos russos a exigir mudanças".
Marina Litvinenko também defende que os países ocidentais parem de comprar petróleo e gás russos, financiando o esforço de guerra de Moscovo.
Apesar do desânimo causado pela morte de Alexei Navalny, a viúva do homem que carinhosamente apelida de 'Sasha' quer continuar otimista quanto ao futuro do seu país, emocionada com as inúmeras manifestações de apoio em frente às embaixadas russas nos quatro cantos do mundo.
"Não podemos viver sem esperança num futuro melhor. Acredito que um dia a Rússia será capaz de mudar", afirmou.
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