"Levou-nos ao limite, um lugar onde não deveríamos ter estado. Estamos num beco sem saída e só há uma saída: eleições", afirmou o líder da Histadrut, Arnon Bar-David.
O líder sindical sugeriu que novas eleições fossem realizadas em dezembro, quando estima que a guerra contra o Hamas terá terminado.
"Seria um erro realizar eleições agora, quando a guerra continua", mas "o país não pode continuar assim, o Estado de Israel precisa de um reinício. Todos querem algo novo, que novas pessoas entrem na política", explicou, alertando que poderá juntar-se aos crescentes protestos contra o Governo que eclodem no país.
"Talvez tenhamos que sair à rua. Espero que não seja necessário", prosseguiu.
No entanto, o primeiro-ministro israelita recusou categoricamente renunciar ao seu cargo, durante uma conferência de imprensa.
"A última coisa de que precisamos agora são eleições", porque isso dividiria os israelitas e daria vantagens ao Hamas, disse Netanyahu, elogiando o seu desempenho desde o início da guerra: "Estamos a desmantelar a infraestrutura subterrânea do Hamas, recuperámos mais de metade dos reféns e traremos o resto".
"Este não é o momento para política", sublinhou, pedindo aos israelitas que "esperassem pacientemente".
Por seu lado, o partido Likud de Netanyahu emitiu um comunicado no qual considerava "vergonhoso que no meio desta guerra, enquanto a nação clama por unidade, o presidente da Histadrut, Arnon Ben-David, tenha decidido envolver-se em políticas mesquinhas que dividem a nação e enfraquecem o esforço de guerra".
Antes do início da guerra, em 07 de outubro, Israel vivia uma profunda polarização política e social, e um movimento massivo de protesto pedia a demissão de Netanyahu, que enfrenta três julgamentos por corrupção e promovia naquela altura uma controversa reforma judicial.
Bar-David juntou-se então ao movimento antigovernamental convocando greves gerais, que paralisaram boa parte da economia israelita e conseguiram congelar temporariamente a tramitação da reforma e abrir um diálogo com a oposição.
Nas declarações de hoje, Bar-David culpou também Netanyahu por atrasar um acordo com o Hamas para um cessar-fogo que permitiria a libertação dos mais de 100 reféns ainda na Faixa de Gaza detidos pelo grupo islâmico.
Há vários meses, os protestos tornaram-se cada vez mais fortes para pressionar Netanyahu a demitir-se e a avançar imediatamente com a libertação dos reféns.
Hoje, milhares de israelitas participaram em várias manifestações nesse sentido em Telavive, em frente à residência presidencial em Jerusalém e em outros 50 pontos do país.
"Não vamos abandoná-los para morrer!", gritava a multidão, dirigindo-se a Netanyahu.
Na última quinta-feira também houve protestos frente às casas de ministros e legisladores para exigir o fim do atual Governo, o mais à direita na história de Israel e que deu grande poder aos ultraortodoxos e ultranacionalistas.
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