O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comparou os seus problemas na justiça com a perseguição ao opositor russo Alexei Navalny, considerando que está a ser julgado por fraude "por estar na política".
Numa entrevista à Fox News, transmitida na terça-feira, o republicano sublinhou que Alexei Navalny era "um homem muito corajoso", mas frisou que não deveria ter voltado à Rússia após ter sido alvo de uma tentativa de envenenamento, em 2020.
"Ele foi um homem muito corajoso porque voltou. Ele poderia ter ficado longe e, sejamos francos, provavelmente teria sido muito melhor ficar longe e falar de fora do país em vez de ter voltado porque as pessoas pensavam que incidentes como este poderiam acontecer e aconteceram", disse, referindo-se à morte do opositor na passada sexta-feira, na prisão onde se encontrava detido.
Na mesma entrevista, Trump falou sobre o facto de ter sido multado por um juiz de Nova Iorque em 354,9 milhões de dólares (cerca de 329,4 milhões de euros) por práticas fraudulentas em negócios.
Em causa, sublinhe-se, está o caso judicial em que o antigo presidente norte-americano, bem como alguns dos seus principais executivos, incluindo os filhos Donald Trump Jr. e Eric Trump, são acusados de enganar os bancos com demonstrações financeiras que inflacionavam a sua riqueza.
Para Trump, a multa é uma "espécie de Navalny", uma "forma de comunismo ou fascismo". "Isto também está a acontecer no nosso país. Estamos a transformar-nos num país comunista em muitos aspectos. Tenho oito ou nove julgamentos, tudo por causa do facto de... estar na política", afirmou.
Na segunda-feira, o candidato à presidência dos Estados Unidos já tinha comentado a "morte súbita" de Alexei Navalny. No entanto, não mencionou o nome do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que tem sido acusado pelo Ocidente de ser responsável pela morte.
"A súbita morte de Alexei Navalny tornou-me cada vez mais consciente do que está a acontecer no nosso país. É uma progressão lenta e constante, com políticos, procuradores e juízes de esquerda corruptos e radicais a conduzir-nos pelo caminho da destruição", disse Trump.
Sublinhe-se que, segundo os serviços prisionais da região ártica de Yamal-Nenets, onde se situa a colónia penal onde Navalny cumpria uma pena de 19 anos de prisão, "a 16 de fevereiro de 2024, no centro penitenciário n.º 3, o prisioneiro Navalny A.A. sentiu-se mal depois de uma caminhada", estando as causas da morte a "ser apuradas".
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