Mariana Katzarova, a relatora especial para Rússia e que lidera este grupo, denunciou em comunicado que desde a morte do dissidente russo, há seis dias, as autoridades russas detiveram "violenta e arbitrariamente" centenas de cidadãos pacíficos por depositarem flores em honra de Navalny em mais de 39 cidades da Rússia.
"Não posso deixar de perguntar: Quem será o próximo?", sublinhou a relatora, com 25 de experiência em termos de direitos humanos.
Katzarova exortou o Governo russo a libertar de forma "imediata e incondicional" todos os presos políticos no país.
Alexei Navalny, um dos principais opositores de Vladimir Putin, morreu a 16 de fevereiro, aos 47 anos, numa prisão do Ártico, onde cumpria uma pena de 19 anos.
Os serviços penitenciários da Rússia indicaram que Navalny se sentiu mal depois de uma caminhada e perdeu a consciência.
Destacados dirigentes ocidentais, a família e apoiantes do opositor responsabilizam o presidente russo, Vladimir Putin, pela sua morte.
Segundo a relatora, a invasão russa da Ucrânia, que no sábado cumpre dois anos, desencadeou em simultâneo "uma guerra contra os russos em casa", com a intensificação da repressão da sociedade civil.
"Já não existe espaço seguro para a ação cívica ou a oposição política dentro da Rússia", sublinhou.
Katzarova assegurou que este agravamento da situação foi fomentado por diversas leis aprovadas na sequência do início do conflito em larga escala, e que entre diversas medidas proíbem as "notícias falsas" sobre a guerra ou "desacreditar as Forças Armadas", considerando-as "infames" e "desprovidas de fundamento no direito internacional".
Também denunciou a ampliação da lista governamental de supostos "agentes estrangeiros", "organizações indesejáveis" ou "extremistas", que implicou o início de processos administrativos e penais, e detenções arbitrárias de russos que se opõem à guerra contra a Ucrânia.
A responsável búlgara assegurou ainda ter recebido informações de desaparecimentos forçados, torturas e maus tratos a civis ucranianos sob custódia das autoridades russas e pediu o início de investigações.
"A invasão da Ucrânia sublinhou a crua relação entre a agressão no exterior e a repressão no interior", afirmou.
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