Agricultura. Sindicato francês recusa debater com ambientalistas radicais
A iniciativa da Presidência francesa de organizar um debate com os agricultores fracassou após o principal sindicato agrícola ter desistido ao saber que um grupo de ambientalistas radicais iria participar nas conversações, noticiou hoje a imprensa internacional.
© Nathan Laine/Bloomberg via Getty Images
Mundo UE/Agricultores
Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), anunciou hoje que não participará no debate que a Presidência francesa organizou para este sábado na Feira Agrícola de Paris, segundo a agência de notícias EFE.
"O Presidente (francês, Emmanuel Macron) fará o que quiser. Eu não irei", sublinhou Rousseau numa entrevista ao canal BFMTV.
O líder sindical considerou intolerável o convite à organização não-governamental (ONG) Les Soulèvements de la Terre -- um coletivo ambientalista francês responsável por ações violentas -- para o debate.
O líder sindical justificou a sua recusa dizendo que não podem participar num debate com uma organização que "destrói os meios dos agricultores" e que "o próprio Governo quis proibir".
O grupo Les Soulèvements de la Terre tornou-se conhecido em França depois de realizar um protesto massivo e violento em março -- que provocou dezenas de feridos - contra a proposta de construção de um reservatório de irrigação na cidade de Saint Soline, no departamento de Deux Sèvres (oeste).
O Executivo francês anunciou, na altura, que estava a iniciar um procedimento para dissolver a ONG, mas o processo foi invalidado pela Justiça em agosto.
Na quinta-feira, poucas horas depois de anunciar a participação da ONG ambientalista no debate, o Eliseu retificou a informação e disse que o grupo não estava convidado, porém, o estrago estava feito.
O presidente da FNSEA falou em "cinismo" na ideia inicial do debate, que considerou incompreensível. Acima de tudo, porque o seu sindicato "sempre esteve disposto ao diálogo" e continuará a procurar soluções para a crise, declarou.
O Ministro da Agricultura francês, Marc Fesneau, admitiu que o convite à ONG ambientalista foi "inadequado tendo em conta o contexto e a natureza da organização" cuja "forma de expressão é um 'cocktail molotov'" e que "não são o grupo mais apropriado para debater".
Numa outra entrevista ao canal TF1, Fesneau insitiu que é preciso "virar a página" e que pretende voltar a conversar com a FNSEA para os tentar dissuadir da sua recusa.
Em vésperas da abertura da Feira Agrícola de Paris, várias dezenas de tratores convocados pela Coordenação Rural, o segundo sindicato que representa o setor, invadiram hoje a área ao redor do centro de exposições Porta de Versalhes com a intenção de se manifestar.
O Governo francês anunciou na quarta-feira que irá apresentar, antes do verão, um novo projeto de lei "mais rigoroso" no sentido de garantir que a indústria agroalimentar não pague aos agricultores abaixo dos preços de produção.
O Executivo está a tentar acalmar os protestos, que não têm sido muito intensos nas últimas duas semana em França, antes do início da nova edição Feira Agrícola, que se realiza todos os anos no centro de exposições Porta de Versalhes, em Paris.
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