O presidente francês, Emmanuel Macron, convocou uma reunião com os líderes ou representantes de países da União Europeia e de outros, para "estudar os meios disponíveis para reforçar a cooperação entre os parceiros que apoiam a Ucrânia", dois dias depois de se terem assinalado dois anos da invasão russa e numa altura em que o país corre risco de ficar sem liquidez no final de março.
O primeiro-ministro português em gestão foi um dos participantes do encontro que aconteceu, na segunda-feira, em Paris. Depois de o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ter dito que a NATO estava a considerar enviar militares para a Ucrânia e de o presidente francês ter afirmado que não se pode "descartar" essa hipótese porque é preciso fazer tudo "para a Rússia não ganhar a guerra", António Costa apressou-se a garantir, no final da reuião, que esse assunto nem tinha sido discutido, rejeitando um cenário de envio de tropas por países da NATO para a Ucrânia.
Não há nenhum cenário em que essa questão [envio de tropas por países da NATO para a Ucrânia] se tenha colocado
"Estamos firmes no apoio à Ucrânia", reiterou o primeiro-ministro português, considerando "fundamental mostrar um sentido de unidade com os nossos aliados americanos, canadianos, britânicos e membros da UE no apoio à Ucrânia para criar as condições para uma paz justa e duradoura".
Contudo, garantiu o ainda chefe de Governo que "não há nenhum cenário em que essa questão [envio de tropas por países da NATO para a Ucrânia] se tenha colocado, nem vejo qualquer país da NATO o deva fazer e, sobretudo, são decisões que, a serem tomadas, terão que ser tomadas coletivamente, porque numa Aliança de defesa coletiva a geração de riscos é também do interesse comum de todos".
Já sobre as declarações de Emmanuel Macron, que alertou para um eventual ataque da Rússia a um Estado-membro da UE, António Costa realçou que este "não é um momento para especulações".
"Todos temos de ter a noção de quais são os riscos e temos de nos preparar para os diferentes riscos, mas com uma determinação grande e com a consciência que a forma como hoje soubermos demonstrar a capacidade de apoiar o esforço do povo ucraniano na sua defesa e na defesa do direito internacional, é a melhor defesa que nós asseguramos para nós próprio no futuro", rematou.
Já esta terça-feira, depois destas declarações, o primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, reforçou as palavras de Macron, não excluindo a possibilidade de enviar tropas para combater a invasão russa da Ucrânia.
"Não podemos excluir nada numa guerra que, mais uma vez, está a acontecer no coração da Europa e às portas da União Europeia", disse Gabriel Attal, citado pelo canal de televisão francês RTL.
O primeiro-ministro francês lembrou que "há dois anos", muitos países também "excluíam o envio de armas de defesa para a Ucrânia e “hoje estamos a enviar mísseis de longo alcance".
Ainda durante a mesma intervenção, Attal recordou que a Suécia e a Finlândia, que são países historicamente neutros, decidiram aderir à NATO porque veem uma ameaça a chegar.
Caso a hipótese lançada por Robert Fico (e levantada por Macron e Attal) se venha a verificar, isso marcaria um novo passo na guerra, uma vez que o Ocidente, nomeadamente a NATO, têm evitado até agora entrar em conflito direto com a Rússia.
Recorde-se que, há cerca de 15 dias, a 14 de fevereiro, o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, reafirmou que "nem a NATO nem os aliados da NATO são parte do conflito".
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