EUA instam Israel a garantir acesso à mesquita Al-Aqsa durante o Ramadão

Os Estados Unidos instaram hoje Israel a assegurar o acesso à mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental, aos fiéis muçulmanos durante o Ramadão, após um ministro de extrema-direita israelita ter proposto proibir a passagem aos palestinianos procedentes da Cisjordânia.

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© Mohammad Hamad/Anadolu via Getty Images

Lusa
28/02/2024 20:53 ‧ 28/02/2024 por Lusa

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"No que diz respeito a Al-Aqsa, continuamos a apelar a Israel para facilitar o acesso ao Monte do Templo aos fiéis pacíficos durante o Ramadão, em conformidade com práticas anteriores", declarou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Matthew Miller, à imprensa.

"Não é apenas a coisa certa a fazer, não é apenas uma questão de conceder às pessoas a liberdade religiosa que merecem e a que têm direito, mas é também uma questão que é diretamente importante para a segurança de Israel", sublinhou, argumentando que "não é do interesse de Israel agravar as tensões na Cisjordânia ou no conjunto da região".

O líder do movimento islamita palestiniano Hamas, Ismail Haniyeh, exortou hoje, numa mensagem transmitida pela televisão, os "concidadãos de Jerusalém, da Cisjordânia e do interior ocupado a deslocarem-se a Al-Aqsa a partir do primeiro dia do mês abençoado do Ramadão, em grupo ou sozinhos, para aí rezarem, a fim de quebrarem o cerco que lhes é imposto".

Em plena guerra na Faixa de Gaza, Israel está preocupado com a aproximação do Ramadão, o mês sagrado muçulmano que começará a 10 ou 11 de março.

O ministro da Segurança Interna israelita, Itamar Ben Gvir, líder de uma formação da extrema-direita favorável ao controlo judeu da Esplanada das Mesquitas, defendeu recentemente a restrição do acesso dos palestinianos ao local, fazendo temer um agravamento das tensões.

"Não podemos correr riscos", sustentou.

A Esplanada das Mesquitas (ou Monte do Templo, para os judeus) é o terceiro lugar mais sagrado do Islão e o lugar mais sagrado do Judaísmo. Embora este lugar sagrado muçulmano seja administrado pela Jordânia, Israel impõe restrições, nomeadamente quanto ao número de fiéis que podem entrar e à sua idade.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 145.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza quase 30.000 mortos, mais de 70.000 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 400 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 5.600 detenções.

Leia Também: Novos ataques no norte de Israel que responde com bombardeamentos

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