"A Moldova enfrenta tentativas de desestabilização cada vez mais agressivas, muito provavelmente impulsionadas pela Rússia", afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, comentando que "o apelo à chamada proteção por parte de Moscovo dos separatistas que não têm autonomia é um cenário conhecido".
"Perante este ressurgimento da agressão russa, temos de tomar medidas coletivas", acrescentou o porta-voz do Quai d'Orsay, referindo-se às declarações "ultrajantes" da Rússia contra a França "ainda esta semana", que classificou como "um sinal" da "febre [de Moscovo] perante os parceiros europeus determinados a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para contrariar a Rússia" na Ucrânia.
As autoridades da Transnístria, uma região separatista russófona do leste da Moldova, aprovaram na quarta-feira uma declaração oficial que pede a "proteção" da Rússia face ao que identificaram como a "crescente pressão" de Chisinau, que adotou recentemente medidas de retaliação económica contra este território.
A diplomacia russa não tardou a responder, garantindo que a sua "prioridade" era "proteger" os habitantes da Transnístria e acrescentando que Moscovo iria "examinar cuidadosamente" o pedido de Tiraspol, sem dar mais pormenores.
Os Estados Unidos reagiram na quarta-feira, afirmando apoiar "firmemente a soberania e a integridade territorial da Moldova dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".
A Transnístria, uma estreita faixa de terra situada entre a Moldova e a Ucrânia, declarou a secessão após um breve conflito em 1992 contra o Exército moldavo.
A Rússia mantém 1.500 militares no território, segundo os números oficiais, envolvidos numa missão de manutenção da paz.
Num referendo organizado em 2006, cujo resultado não foi reconhecido internacionalmente, a população da Transnístria votou por larga maioria (97,1%) a favor da unificação com a Rússia.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, têm surgido alusões sobre uma eventual expansão do conflito à Transnístria.
Em 2023, as autoridades deste estado autoproclamado acusaram designadamente Kiev de pretender atacá-lo, após terem afirmado que preveniram em março um atentado contra os seus dirigentes.
Na semana passada, o Ministério da Defesa russo assegurou que a Ucrânia preparava uma "provocação armada" contra a Transnístria.
O território, que percorre o rio Dniestr e conta oficialmente com 465.000 habitantes na maioria russófonos, não é reconhecido como estado pelas instâncias internacionais, incluindo por Moscovo.
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