"A vida está a deixar Gaza a um ritmo aterrador"

O subsecretário-geral da ONU para os Assuntos Humanitários alertou hoje de que "a vida está a deixar Gaza a um ritmo aterrador", reagindo às muitas mortes registadas durante uma operação de distribuição de ajuda humanitária naquele território palestiniano.

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Lusa
29/02/2024 18:00 ‧ 29/02/2024 por Lusa

Mundo

Martin Griffiths

"Estou indignado com as informações segundo as quais centenas de pessoas foram mortas e feridas durante uma operação de transporte de ajuda humanitária para o oeste da Faixa de Gaza hoje", escreveu Martin Griffiths na rede social X (antigo Twitter).

"Mesmo após quase cinco meses de hostilidades brutais, Gaza ainda tem a capacidade de nos chocar", adiantou.

"Isto acontece quando o número de mortos em Gaza desde 07 de outubro atinge a marca dos 30 mil. A vida está a deixar Gaza a um ritmo aterrador", acrescentou Griffiths , na mesma plataforma.

Mais de 100 palestinianos foram hoje mortos na Faixa de Gaza, durante uma operação de distribuição de ajuda humanitária que se transformou em caos, anunciou o movimento islamita palestiniano Hamas, desde 2007 no poder no enclave palestiniano, acusando os soldados israelitas de terem aberto fogo sobre uma multidão esfomeada.

"O balanço do massacre da rua al-Rashid (onde a distribuição de alimentos decorria, na cidade de Gaza) ascende agora a 104 mortos e 760 feridos", declarou num comunicado o porta-voz do Ministério da Saúde do Hamas, Ashraf al-Qudra, revendo em alta um primeiro balanço hospitalar que indicada pelo menos 50 mortos.

"O ataque foi premeditado e intencional, no contexto do genocídio e da limpeza étnica do povo da Faixa de Gaza. O Exército de ocupação sabia que estas vítimas tinham vindo para esta zona para obter alimentos e ajuda, mas matou-as a sangue frio", acusou o Hamas, cujos massacres em território israelita desencadearam a guerra na Faixa de Gaza.

O exército israelita admitiu ter aberto fogo contra a multidão, que identificou como "uma ameaça", enquanto fontes ouvidas pela agência France-Presse (AFP) negaram a responsabilidade pelo elevado número de mortos, indicando que dezenas de pessoas ficaram feridas em "empurrões e atropelamentos" depois de terem cercado camiões com ajuda humanitária e iniciado a pilhagem.

A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de proporções sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns, 130 dos quais permanecem em cativeiro, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre ao norte do território, que depois se estendeu ao sul.

A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 146.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza mais de 30.000 mortos, mais de 71.000 feridos e milhares de desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.

Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 400 palestinianos foram mortos desde 07 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e pelo menos 5.600 detenções.

Leia Também: Biden recua sobre cessar-fogo em Gaza. "Não acontecerá" até segunda

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