Líder da oposição nas eleições presidenciais do Chade foi "executado"

O partido de Yaya Dillo Djérou, o principal opositor no Chade, acusa os militares de terem "executado à queima-roupa" o seu líder, na quarta-feira, para o tirar da corrida presidencial contra o general Mahamat Idriss Déby Itno.

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Lusa
02/03/2024 12:12 ‧ 02/03/2024 por Lusa

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Chade

"É uma execução, atiraram à queima-roupa para executá-lo, porque ele tornou-se um incómodo", garantiu à Agência France-Presse Robert Gamb, secretário-geral do Partido Socialista Sem Fronteiras (PSF).

O Governo refutou a acusação. "Não executámos ninguém", respondeu à AFP o ministro das Comunicações, Abderaman Koulamallah, questionado sobre uma alegada foto dos restos mortais.

O ministro adiantou que Yaya Dillo Djérou se recusou a render. "Houve trocas de tiros, não houve execução" nesta ação, que provocou a "morte a quatro soldados e a três outras pessoas no acampamento do senhor Dillo", acrescentou o ministro, ao referir que o opositor "disparou contra a polícia".

Yaya Dillo Djérou era o principal opositor do general Mahamat Idriss Déby Itno, chefe da junta e seu primo, para as eleições marcadas para daqui a dois meses.

Desde quinta-feira que circula uma foto em grupos de redes sociais próximos da família de Dillo, mas não foi ainda garantida a sua autenticação.

A fotografia mostra um grande plano da cabeça dos restos mortais de um homem "exatamente parecido com o Dillo" e um pequeno buraco muito claro rodeado por um halo preto bem na têmpora.

Na quinta-feira, o PSF e outros líderes da oposição já falavam num "assassinato" para o excluir das eleições presidenciais de 06 de maio.

Um porta-voz do PSF acusou especificamente a guarda presidencial, a unidade de elite do exército responsável pela segurança do chefe de Estado, de ter liderado o ataque à sede do partido no centro de N'Djamena.

Jornalistas da AFP observaram camiões cheios dessas "boinas vermelhas" dirigindo-se em alta velocidade em direção ao quartel-general do PSF, no auge do forte disparo de armas automáticas e das detonações surdas que ressoavam no prédio sitiado.

"Não podemos atacar com todo um arsenal de guerra um adversário sozinho num escritório" e "sem armas", protestou Gamb, entrevistado por telefone pela AFP de Libreville.

Dois dias após o ataque mortal, a calma regressou a N'Djamena e a maioria dos veículos blindados e soldados destacados na quarta-feira desapareceram.

Mas uma grande escavadora estava a demolir a sede do PSF, segundo jornalistas da AFP, mantida à distância por um espesso cordão de segurança do exército, cujos veículos blindados podiam ser vistos à distância em redor do edifício.

Segundo o Governo, Dillo era procurado por ter instigado uma suposta "tentativa de assassinato" do presidente do Supremo Tribunal há dez dias e liderado um ataque à sede dos serviços de inteligência, na terça-feira.

Numa mensagem áudio enviada à AFP, poucas horas antes da sua morte, o opositor de 49 anos negou veementemente e em troca acusou a junta de uma "encenação" destinada a excluí-lo das eleições presidenciais nas quais Mahamat Déby não participou.

"Com o assassinato de Yaya Dillo, o Governo mostra que é preciso atacar com muita força antes das eleições, para que todos se alinhem. Esta é uma mensagem muito forte enviada à oposição, por culpa própria e dos Zaghawas", analisa para a AFP um especialista africano na região, que deseja permanecer anónimo por ser diplomata.

Mahamat Déby, segundo ele, "quer contornar qualquer possível oposição".

Leia Também: Líder da oposição do Chade morto pelo exército

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