O atual e o ex-presidente dos EUA, Joe Biden e Donald Trump, saíram como esmagadores vitoriosos da "Super Terça-Feira", arrecadando quase todos os delegados que foram a votos, praticamente garantindo a sua nomeação.
Com mais de 80% dos votos já apurados em 13 dos 15 estados e um território desta "Super Terça-Feira", Donald Trump assegurou já mais 722 delegados republicanos, contra apenas 46 da sua única adversária, a ex-embaixadora Nikki Haley, de acordo com dados divulgados pelos 'media' norte-americanos.
Os 'media' norte-americanos noticiaram que Haley deverá ainda hoje anunciar a sua desistência da corrida nas primárias, deixando Trump com caminho aberto para se tornar o candidato republicano.
No lado democrata, Biden garantiu a vitória em todos os círculos eleitorais, em quase todos com um resultado acima dos 90%, contra os seus adversários a nível nacional, Dean Phillips e Marianne Williamson, tendo obtido um empate com o empresário Jason Palmer, que concorreu localmente no território da Samoa Americana.
Para diversos analistas, apesar de terem "esmagado" os adversários políticos, Biden e Trump revelam sérias vulnerabilidades junto das suas bases de apoio partidárias, que provam o diagnóstico de que os eleitores norte-americanos irão às urnas das eleições presidenciais de 05 de novembro sem grande convicção nas escolhas.
"Apesar de quase sempre perder para Trump, Haley conseguiu, em vários estados, resultados que ficaram acima daquela que era a sua base de apoio natural, revelando que estava a catalisar votos de protesto republicanos contra Trump", disse à Lusa Susana Penela, investigadora de Ciência Política na Universidade de Sussex, no Reino Unido.
Para esta analista, no lado democrata, também se deve atribuir significado ao facto de uma percentagem significativa de eleitores colocarem a cruz na opção "não comprometido", mostrando que não estão confortáveis com nenhum dos candidatos nas primárias do partido, nem mesmo com aquele que tem vencido todos os estados, o atual presidente, Joe Biden.
Esse sinal de protesto já tinha acontecido no estado do Michigan - onde Biden venceu com facilidade os seus dois opositores internos, Dean Phillips e Marianne Williamson, mas quase 15% optaram pela solução "não comprometido" -- e voltou a repetir-se em vários dos estados que foram a votos na "Super Terça-Feira".
"Ao fazerem essa opção, os eleitores confirmam o que várias sondagens têm revelado: os democratas têm sérias reservas sobre a eficácia da recandidatura de Biden, mostrando-se em alguns casos céticos sobre a sua capacidade para voltar a vencer Trump nas presidenciais", explicou Penela.
Também o analista Aaron Blake, num artigo para o jornal The Washington Post, reforçou esta perspetiva sobre o mal-estar em ambos os partidos no que diz respeito às escolhas para a candidatura presidencial.
Blake destacou o facto de Haley ter tido resultados acima dos 30% em estados que lhe eram particularmente desfavoráveis nesta "Super Terça-Feira", nomeadamente Massachusetts, Virgínia e Colorado, concluindo que esses números se devem sobretudo a um "voto de protesto contra Trump".
O analista releva igualmente o facto de nos boletins de voto no estado de Minnesota, esta terça-feira, terem aparecido cerca de 20% de cruzes na opção "não comprometido", que também lê como votos de protesto contra a candidatura de Biden.
"Os cerca de 70% de votos que Biden teve no Minnesota foram o valor mais baixo em qualquer estado, à exceção dos 64% no estado de New Hampshire", lembra Blake, para assinalar que o presidente democrata parte para o embate contra Trump nas presidenciais de novembro com inegáveis vulnerabilidades.
Este analista salienta ainda o facto de Biden ter ficado mesmo ligeiramente atrás do desconhecido empresário Jason Palmer nas primárias do território da Samoa Americana, mostrando que nem mesmo o facto de ser o presidente em exercício dos Estados Unidos lhe garante a popularidade suficiente para vitórias.
"Este voto de protesto contra o presidente é o reflexo daquilo que as sondagens indicam há vários meses: mais de metade dos norte-americanos consideram que, aos 81 anos, Biden não tem condições para um segundo mandato, que terminará aos 86 anos", lembra a Susana Penela.
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