A relação política e militar da Suécia com a NATO. Os pontos essenciais

A Suécia, que hoje se tornou oficialmente o 32.º membro da NATO, já mantinha com a Aliança Atlântica um diálogo político regular, participando em manobras conjuntas de paz.

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© Getty Images/Jonathan NACKSTRAND

Lusa
07/03/2024 18:47 ‧ 07/03/2024 por Lusa

Mundo

Suécia

Embora, pelo seu estatuto de neutralidade, a Suécia não tenha participado ativamente em nenhuma guerra desde 1814 (guerra sueco-norueguesa), as suas Forças Armadas têm colaborado em diversas operações internacionais de manutenção de paz, nomeadamente com a NATO.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro em 2022, acabou por dar o argumento final a Estocolmo para aderir à Aliança Atlântica, apesar das resistências da Turquia e da Hungria.

A bandeira sueca será hasteada na sede da organização militar em Bruxelas na segunda-feira.

Eis alguns pontos essenciais sobre o processo de adesão da Suécia à NATO:

O histórico de cooperação com a Aliança

A cooperação da Suécia com a NATO começou em 1994, quando o país nórdico aderiu ao programa Parceria para a Paz e, três anos mais tarde, ao fórum multilateral do Conselho de Parceria do Euro-Altântico.

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, tem destacado a Suécia como sendo um dos países não membros que tem mantido uma das relações mais ativas com a Aliança Atlântica.

A Suécia participou na Missão de Apoio Resoluto da NATO no Afeganistão, bem como nas missões de paz no Kosovo e na Bósnia-Herzegovina e na missão da Aliança na guerra do Iraque e ainda na Operação de Proteção Unificada da NATO na Síria.

Marcou presença em diversas operações militares com países da União Europeia (UE), bem como em iniciativas de programas internacionais de força aérea, incluindo o programa Strategic Airlift Capability e o Strategic Airlift Internacional Solution.

A Suécia tem participado em numerosas operações de treino militar em vários países europeus, através do seu Centro Internacional das Forças Armadas Suecas (SWENDINT).

Contando com a mobilização de 90 mil soldados dos 31 países aliados e também da Suécia, já esta semana, a NATO enviou uma força militar significativa para a Polónia, como parte de um dos seus exercícios mais importantes até à data para demonstrar que a Aliança não só está preparada para defender cada centímetro do seu território, mas também tem vontade de fazê-lo.

Capacidades militares da Suécia

As forças armadas norte-americanas formam -- de longe -- o maior contingente da NATO. Estão presentes na Europa com quase 79 mil homens e mulheres, incluindo mais de 48 mil na Alemanha, segundo o secretário de Defesa dos Estados Unidos.

Com a entrada da Suécia, 24 mil soldados, dez mil dos quais reservistas (números de 2022), serão acrescentados às forças armadas da Aliança Atlântica, cujo efetivo total é estimado em mais de três milhões de soldados, segundo vários institutos especializados.

A Suécia possui forças armadas bem equipadas e com uma boa dose de tecnologia de ponta, incluindo caças Gripen de quarta geração com mísseis ar-ar Meteor, tanques de combate Leopard 2 e submarinos de ataque da classe Gotland, e ainda uma forte indústria de armas. O país pretende gastar 2,1% do PIB na defesa este ano, acima da meta da NATO e quase o dobro do que gastou em 2020.

Por outro lado, a sua Marinha e Força Aérea têm experiência de vigilância no Báltico, tornando mais fácil para a NATO abastecer ou defender os aliados na região e junto do enclave russo de Kalinegrado, caso seja necessário. Estocolmo já anunciou ainda que enviará tropas para se juntarem a uma força multinacional sediada na Letónia.

Guerra na Ucrânia

A partir de agora, a Suécia junta-se aos seus vizinhos finlandeses que aderiram à NATO há 11 meses, depois de ambos terem apresentado o seu pedido de adesão em maio de 2022, poucos meses após a invasão russa da Ucrânia.

Desta forma, os suecos e finlandeses completam uma viragem sem precedentes na sua política de neutralidade dos últimos dois séculos, em resposta direta à crescente ameaça que Moscovo representa ao cenário de segurança internacional após o ataque lançado contra a Ucrânia.

Embora inicialmente a organização militar tenha antecipado uma adesão expressa da Suécia e da Finlândia e previsto que a sua incorporação poderia ser concluída em apenas alguns meses, no final de 2022 ou início de 2023, ambos os candidatos nórdicos tiveram de lidar com a relutância do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan - alegando falta de cooperação em questões antiterroristas e alegado conluio com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) - e do primeiro-ministro húngaro, Viktor Órban, próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e insatisfeito com as críticas às suas políticas conservadoras e de desafio aos valores europeus.

Apoio à Ucrânia

O Governo sueco apresentou em 20 de fevereiro um novo pacote de ajuda militar à Ucrânia avaliado em 7,1 mil milhões de coroas (632 milhões de euros), o maior montante financeiro de Estocolmo em dois anos de guerra com a Rússia.

Este foi o 15.º pacote enviado pela Suécia à Ucrânia, cuja ajuda a Kiev ascende no total a cerca de 29,3 mil milhões de coroas suecas (2,608 milhões de euros).

Também recentemente, a Suécia foi um dos países, juntamente com a Bélgica, Grã-Bretanha, Dinamarca, França, Alemanha, Lituânia, Países Baixos e Noruega, que aderiam ao plano checo de aquisição de armas e munições para as forças de Kiev.

Participa ainda desde o ano passado na coligação internacional de 11 países de formação de pilotos e técnicos ucranianos em caças de combate F-16.

Perceção dos suecos

De acordo com uma sondagem da rádio SR transmitida na sexta-feira, a maioria dos suecos (55%) acredita que o seu país fez "demasiados sacrifícios" para se tornar membro da NATO, embora 77% admitam que a segurança da Suécia é reforçada com esta adesão.

A adesão da Suécia à NATO foi acompanhada por um claro endurecimento da retórica dos seus líderes, com o comandante-chefe das forças armadas, Micael Byden, a declarar em janeiro que os seus compatriotas "devem preparar-se mentalmente para a guerra".

Além da sua candidatura à NATO, a Suécia assinou no início de dezembro um acordo que autoriza os Estados Unidos a terem acesso a 17 bases militares no seu território.

Leia Também: Biden diz que Putin "quis dividir" NATO, que hoje está "mais unida"

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