"Aqueles que pensam que estamos atrasados verão em breve que estamos a chegar a todos eles. Está a ser feito um trabalho extraordinário aqui, acima e abaixo do solo, as forças estão a chegar a todo o lado e o resultado final é que não há lugar seguro em Gaza para os terroristas", avisou Yoav Gallant, durante uma visita às tropas estacionadas em Gaza e citado pelo diário The Times Of Israel.
Gallant prometeu levar à justiça todos os envolvidos nos ataques de 07 de outubro de 2023, perpetrados pelo Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).
"Ou os eliminamos ou os levamos a julgamento em Israel. Não há lugar seguro, nem aqui, nem fora de Gaza, nem em qualquer outro lugar do Médio Oriente. Vamos pôr todos no seu lugar", sublinhou o ministro.
O Governo israelita anunciou há semanas que a próxima etapa da operação militar, lançada um dia depois dos ataques do Hamas, é uma intervenção terrestre na cidade de Rafah, junto à fronteira com o Egito, onde um milhão de pessoas está amontoada sem ter onde se abrigar, depois de as infraestruturas do enclave palestiniano terem sido quase totalmente destruídas após cinco meses de bombardeamentos.
A comunidade internacional alertou o Governo israelita para as consequências devastadoras de uma tal operação, caso venha a ser levada a cabo. No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu gabinete insistem que Rafah é o último bastião do Hamas.
As palavras de Gallant surgiram pouco depois de o parlamento israelita ter aprovado um orçamento retificativo para 2024, no valor de 584 milhões de shekels (cerca de 146 milhões de euros), que permitirá ao exército prosseguir a ofensiva militar na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
A medida, aprovada por 62 votos a favor e 55 contra, aumenta o orçamento em 70 milhões de shekels (17 milhões de euros) em relação às contas aprovadas em maio de 2023 pelo Knesset (parlamento). O aumento deve-se principalmente às despesas causadas pela situação no enclave palestiniano.
Cerca de 55 milhões de shekels (13,8 milhões de euros) dos 70 milhões adicionais serão utilizados para financiar o exército, enquanto o restante montante será utilizado para cobrir as despesas do setor civil, segundo o jornal The Times of Israel.
As contas foram aprovadas após uma sessão de debate tensa, em que se registou uma oposição interna na coligação governamental, principalmente por parte do ministro da Agricultura, Avi Dichter, que faz parte do Likud, o partido de Netanyahu.
Dichter, que se opunha fortemente aos cortes no orçamento do Ministério da Agricultura, tinha ameaçado vetar a medida, mas chegou a um acordo com Netanyahu, com o primeiro-ministro a comprometer-se "resolver a crise agrícola" até à Páscoa.
Por seu lado, o líder da oposição israelita (Yesh Atid), Yair Lapid, assegurou que se trata do orçamento "mais setorial" e "esbanjador" da história do Estado de Israel, uma vez que não tem em conta a classe média israelita, os trabalhadores ou os jovens.
Em contrapartida, o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, sublinhou que o orçamento aprovado tem "objetivos claros", como ajudar o exército a "ganhar a guerra", apoiar o pessoal militar e permitir o crescimento da economia israelita.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 31 mil mortos e mais de 73.000 feridos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.
Desde então, outras 420 pessoas terão sido mortas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças de segurança e por ataques de colonos israelitas.
A ONU denunciou hoje que o número de crianças mortas pelos bombardeamentos em Gaza é superior ao número de crianças mortas em todas as guerras dos últimos quatro anos.
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