"A prioridade nacional atual é fazer frente à agressão e à guerra de extermínio e de fome lançada pela ocupação contra a Faixa de Gaza", afirma o grupo islamita num comunicado, apoiado também por outros grupos como a Jihad Islâmica e a Iniciativa Nacional Palestiniana, segundo o diário Felesteen de Gaza.
Mohammad Mustafa, até agora conselheiro económico do Presidente Mahmoud Abbas, foi nomeado na quinta-feira primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana (AP), com a missão de formar Governo, quase um mês após a demissão do anterior chefe do executivo.
"Tomar decisões individuais e preocupar-se com passos formais sem substância, como a formação de um novo governo sem consenso nacional, reforça a política de exclusividade e aprofunda a divisão, num momento histórico crucial em que o povo e a sua causa nacional precisam de consenso e unidade", consideram os movimentos.
Os grupos assinalam que a decisão da Autoridade Palestiniana, no poder na Cisjordânia, é um sinal do seu distanciamento da realidade e do "grande fosso" que existe entre ela e o povo palestiniano, que tem o "direito", sublinham, de questionar a viabilidade da substituição de um governo por outro da mesma orientação política.
A este respeito, lamentaram que a AP continue a "ignorar" todos os esforços para unir os palestinianos e observaram que "esta abordagem causou e continuam a prejudicar" a causa do povo palestiniano.
"O nosso povo e as suas forças vivas devem erguer a voz e fazer frente a esta manipulação do presente e do futuro da nossa causa e dos interesses nacionais e dos direitos do nosso povo", exigiram o Hamas e as outras fações.
Apelaram também a outras forças e grupos palestinianos, em especial à Fatah - a organização do atual presidente da AP, Mahmoud Abbas - para que tomem as medidas necessárias para gerir conjuntamente esta "etapa histórica e crucial" de forma a servir a "causa nacional" e satisfazer as aspirações de um Estado livre e soberano.
Mustafa, antigo ministro da Economia, formado nos Estados Unidos e com vasta experiência internacional no Banco Mundial, tem a tarefa de formar um Governo tecnocrático, que será o 19.º executivo da Autoridade Palestiniana, tendo sido incumbido de preparar planos para reunificar a administração da Cisjordânia ocupada e de Gaza e de liderar reformas no governo, nas forças de segurança, na economia e na luta contra a corrupção.
A nomeação de Mustafa surge quase um mês depois do pedido de demissão do anterior primeiro-ministro, Mohamad Shtayé, que tinha descartado a possibilidade de a Autoridade Palestiniana voltar a controlar Gaza após o fim do conflito entre Israel e o Hamas, se não houver um processo de paz que conduza à criação de um Estado palestiniano, com Jerusalém como capital.
Gaza está nas mãos do Hamas desde 2007, na sequência dos combates intra-palestinianos após as eleições de 2006, vencidas pelo grupo islamita.
A vitória do Hamas não foi reconhecida pelos Estados Unidos e por Israel, uma medida apoiada pela Autoridade Palestiniana.
O mandato de Abbas terminou em 2009, mas este recusa-se a realizar eleições, culpando as restrições impostas por Israel.
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