Após vitória, Putin diz ter autorizado troca de Navalny por prisioneiros
Vladimir Putin foi reeleito como presidente da Rússia, este domingo. No seu discurso agradeceu aos russos por terem votado.
Notícias ao Minuto | 23:32 - 17/03/2024© Reuters
Mundo Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi reeleito, no domingo, para um quinto mandato. Aquelas que foram as primeiras eleições desde a invasão russa da Ucrânia, iniciada a 24 de fevereiro de 2022, e que já previam a vitória de Putin, ficaram marcadas por vários protestos e pela confirmação de que o opositor russo Alexei Navalny morreu pouco tempo antes de ser libertado numa troca de prisioneiros.
O chefe de Estado foi reeleito com 87,8% dos votos, sendo esta a margem de vitória mais elevada de sempre. Nas presidenciais de 2018, quando a participação dos eleitores chegou aos 67,5%, Putin conseguiu 76,7% dos votos.
Os três candidatos derrotados por Vladimir Putin reconheceram a vitória do atual presidente, quando apenas 52% dos boletins tinham sido contabilizados. Em segundo lugar, ficou o candidato comunista, Nikolai Kharitonov, que teve 4% dos votos, seguido de Leonid Slutsky, do nacionalista Partido Liberal Democrata, e Vladislav Davankov, do Novo Partido Popular.
No seu discurso de vitória, Putin advertiu que a Rússia não se vai deixar intimidar pelos adversários. "Não importa quem nos quer intimidar ou quanto, não importa quem nos quer esmagar ou quanto (...), nunca ninguém conseguiu fazer nada assim na história. Não funcionou hoje e não vai funcionar no futuro", disse, citado pela imprensa russa.
Putin confirma troca de Navalny por prisioneiros, mas "infelizmente, o que aconteceu, aconteceu"
Além da guerra na Ucrânia, estas eleições presidenciais russas ficaram também marcadas pela morte do principal opositor de Vladimir Putin, Alexei Navalny.
O russo morreu no passado dia 16 de fevereiro, na prisão onde se encontrava detido, no Ártico, após alegadamente se ter sentido mal durante uma caminhada. O Ocidente acusou Putin pela sua morte, mas a presidência russa negou estas acusações.
Na noite de domingo, o presidente russo confirmou a informação - avançada pela equipa de Navalny - de que o opositor estava prestes a ser libertado numa troca de prisioneiros com os países ocidentais.
"Só havia uma condição: que o trocássemos e que ele não voltasse. Deixem-no ficar lá. Mas a vida é assim mesmo", afirmou. "Acreditem em mim ou não. O homem que falou comigo ainda não tinha terminado a frase e eu disse logo: concordo. Mas infelizmente o que aconteceu, aconteceu", acrescentou, descrevendo a morte como "um acontecimento triste".
Putin está "embriagado com o poder" e quer "governar para sempre"
Ainda antes de os resultados serem conhecidos, a comunidade internacional já descrevia as eleições como uma "farsa" e o Parlamento Europeu afirmou mesmo tratar-se de "um ritual de legitimação cuidadosamente encenado para a recondução de Vladimir Putin para um quinto mandato".
Já após a divulgação dos primeiros dados pela Comissão Eleitoral Central (CEC), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou o homólogo russo de estar "embriagado com o poder" e afirmou que "não se deterá perante nada para governar para sempre".
Também a Polónia defendeu que "as eleições presidenciais na Rússia não são legais, livres e justas". Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros polaco, o escrutínio teve lugar "num contexto de forte repressão" e nas regiões ocupadas da Ucrânia, em violação do direito internacional.
Milhares de pessoas protestam em vários países europeus - e até na Rússia
No último dia de eleições, que decorreram entre sexta-feira e domingo, realizaram-se vários protestos em toda a Europa. Ontem, a iniciativa de protesto 'Meio-dia contra Putin', lançada inicialmente por Navalny, juntou milhares de pessoas em dezenas de cidades europeias com o objetivo de honrar a memória do ativista e denunciar uma eleição presidencial considerada viciada.
De acordo com a agência francesa de notícias France-Presse (AFP), a ação de protesto estendeu-se de Lisboa a Vilnius, passando por Paris, Berlim e Haia, entre outras cidades em que os cidadãos russos se deslocaram à embaixada local à mesma hora para colocar o seu voto e assim mostrar a crítica à presidência de Vladimir Putin.
Já na Rússia, dezenas de pessoas foram detidas em protestos em diferentes cidades, de acordo com várias organizações não-governamentais (ONG).
As detenções foram realizadas em 17 cidades em todo o país, incluindo Moscovo, segundo dados citados pela agência de notícias espanhola EFE, que apontam para 19 detenções na capital, Moscovo, a que se somam 29 pessoas em Kazan, a capital do Tartaristão, entre outras.
Putin está no poder há 25 anos (e pode continuar por mais 12)
O presidente russo está no poder há 25 anos, desde 1999, como presidente ou primeiro-ministro, prepara-se para cumprir o quinto mandato e poderá ficar na presidência até 2036. Isto porque, em 2020, Putin apresentou uma lei - que foi aprovada - para mudar a Constituição russa e, assim, passou a poder concorrer a dois novos mandatos consecutivos.
O chefe de Estado, de 71 anos, serviu dois mandatos de quatro anos como presidente, entre 2000 e 2008. Como não se podia recandidatar por já ter cumprido os dois mandatos, a presidência foi assumida pelo seu aliado Dmitry Medvedev, mas Putin ficou por perto como primeiro-ministro.
A duração dos mandatos presidenciais foi entretanto estendida para seis anos e Putin foi novamente eleito em 2012 e reeleito em 2018. Se permanecer no cargo até 2036, será o chefe de Estado há mais tempo no poder desde Josef Estaline, que liderou a União Soviética, desde 1924 até à sua morte em 1953.
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