"Conheço António Costa há mais de oito anos. Temos experiências comuns nestas reuniões do Conselho Europeu [...] e ele é alguém extremamente sincero em termos das suas convicções europeias. Lembro-me da sua presidência rotativa [do Conselho da UE] em Portugal e a cimeira social que decorreu no Porto", disse Charles Michel em declarações à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas.
"Ele também é muito pragmático, concreto e funcional e alguém que pode ser muito útil na dinâmica de equipa, com várias personalidades e vários contextos, e que foi sempre útil para tentar encontrar soluções comuns", acrescentou.
O primeiro-ministro cessante, António Costa, participou hoje em Bruxelas no seu último Conselho Europeu, ao fim de oito anos a representar Portugal.
Falando aos jornalistas no final do encontro, o primeiro-ministro português cessante afirmou tê-lo feito "com orgulho" pela evolução orçamental de Portugal e pela sua estabilidade política.
No cargo de primeiro-ministro desde novembro de 2015, António Costa foi desde então e até hoje, o representante de Portugal no Conselho Europeu, um dos mais experientes entre os seus homólogos da UE.
Participou num total de 74 cimeiras europeias.
Na quinta-feira, no primeiro dia do Conselho Europeu, foi transmitido um vídeo de despedida a António Costa, a quem foi ainda dada uma estatueta alusiva ao edifício-sede do Conselho Europeu.
"Foi um pouco emotivo quando, ontem [quinta-feira], eu disse algumas palavras em nome dos colegas [do Conselho Europeu] para lhe agradecer o papel que desempenhou e está a desempenhar ao nível europeu", disse ainda Charles Michel, nestas declarações à Lusa e outros meios europeus.
Quando questionado pela Lusa sobre se António Costa o poderia suceder no cargo, o presidente do Conselho Europeu escusou-se a comentar.
O nome de António Costa tem vindo a ser apontado para suceder a Charles Michel, precisamente por ser visto, de acordo com fontes europeias, como alguém que tem boas relações com os chefes de Governo e de Estado da UE e por Portugal ter uma política externa muito alinhada com o resto da União.
Ainda assim, há outras fontes comunitárias que sublinham a necessidade de António Costa resolver a questão judicial, que levou à sua demissão, antes de poder ser elegível para um cargo destes.
O belga Charles Michel está no cargo desde dezembro de 2019, terminando o seu segundo mandato em novembro de 2024.
[Notícia atualizada às 16h27]
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