"Nós temos tentado apoiar as populações que estão lá (...) [Fizemos] um investimento inicial de mais de 300 mil dólares", disse à comunicação social Maria Carolina, diretora da World Vision em Moçambique, à margem de uma missa pela paz rezada hoje em Maputo.
O montante foi aplicado nos últimos dois meses para na construção e reabilitação de poços e furos de água, proteção a mulher e criança e desenvolvimento de atividades de higiene e prevenção de doenças, entre as quais a cólera, avançou a responsável.
"Cerca de 20 mil crianças estão sem aulas, saíram das suas casas e estão numa situação de vulnerabilidade. A World Vision e outros parceiros tem estado em Eráti [Nampula], mas também buscado soluções mais sustentáveis" para apoiar as vítimas do conflito, disse Maria Carolina, acrescentando que parte da população regressou a Cabo Delgado e também se deslocou para outras regiões da província de Nampula.
A organização humanitária classificou ainda de "preocupante" a situação do norte de Moçambique face aos novos ataques registados desde dezembro, que levaram à deslocação de milhares pessoas dos distritos no sul de Cabo Delgado para a vizinha província de Nampula.
"A situação é preocupante, especialmente de crianças e mulheres em Cabo Delgado que acabam também sendo a população mais atingida", disse a diretora da World Vision em Moçambique.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Depois de uma ligeira acalmia em 2023, estes ataques multiplicaram-se nas últimas semanas, criando cerca de 100 mil deslocados só em fevereiro, além de um rasto de destruição, morte e famílias desencontradas.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região.
Desde 2017, o conflito já fez mais de milhão de deslocados, de acordo com as agências das Nações Unidas, e cerca de quatro mil mortes, indicou o Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos.
Leia Também: EUA anunciam 22 milhões de dólares de apoio a Cabo Delgado