Os ulema - corpo de clérigos muçulmanos - e os líderes religiosos presentes, liderados pelo presidente do CIN (a mais alta autoridade islâmica do país), Soumaila Karanta, expressaram a sua convicção de que a presença dos Estados Unidos da América não beneficia o país e organizaram orações coletivas para apelar à sua saída.
No sábado, a junta militar nigerina, no poder desde julho de 2023, anunciou a revogação do acordo de cooperação militar com os Estados Unidos, assinado em 2012, e considerou "ilegal" a presença militar norte-americana em território nigerino.
Embora o mês sagrado do Ramadão e as temperaturas elevadas possam ter afetado a assistência, o comício contou com uma elevada participação e abriu com uma oração pelos 23 soldados nigerinos mortos na quarta-feira num ataque terrorista na região de Tillabéry, no sudoeste do país.
No seu discurso, Karanta sublinhou a importância da mobilização popular para a expulsão das forças norte-americanas e recordou o impacto dos protestos na anterior retirada das forças francesas do país.
"Alá está do nosso lado, porque a causa que defendemos é de uma nobreza indiscutível. Lutamos pela afirmação plena e total da nossa independência e soberania, confiscadas pelas potências imperialistas", declarou Karanta.
O evento contou com a presença de figuras governamentais, como o ministro da Saúde, Garba Hakimi, e o governador da região de Niamey, a capital, Assoumane Abdou Harouna, entre outras personalidades militares e civis.
Na segunda-feira, o Departamento de Estado norte-americano pediu explicações e esclarecimentos sobre a decisão de Niamey de revogar o acordo de cooperação militar com Washington, argumentando que a cooperação em matéria de segurança com os países da África Ocidental é "mutuamente benéfica".
Após ter chegado ao poder na sequência do golpe de Estado de 26 de julho de 2023, que derrubou o Presidente Mohamed Bazoum, a junta militar do Níger - um país assolado pelo terrorismo - revogou os acordos militares assinados com a França, antiga potência colonial.
Leia Também: União Europeia termina oficialmente em junho missão no Níger