"Não cabe a um candidato ou a um lado proclamar uma vitória"
O presidente cessante do Senegal, Macky Sall, votou hoje nas eleições que decidirão o seu sucessor no país africano e apelou aos candidatos para que não proclamem prematuramente vitória dada a enorme tensão que se faz sentir no país.
© Lusa
Mundo Senegal
"Não cabe a um candidato ou a um lado proclamar uma vitória ou um resultado. Esta tarde falarão os colégios eleitorais, o que refletirá a escolha dos senegaleses. Esperemos que esta eleição seja a melhor para o Senegal", disse Macky Sal após votar em Fatick, no centro-oeste do país, acompanhado da esposa, a primeira-dama cessante Marieme Faye Sal.
O presidente tem estado no centro de uma grave crise política devido à repressão contra a oposição e à sua decisão de adiar a votação em fevereiro, o que levou o Tribunal Constitucional a anular a proposta de dezembro como data alternativa, marcando o ato eleitoral para mais cedo do final do atual mandato que ocorreria em abril.
O adiamento, considerado pela oposição como uma tentativa de Sall de se manter no cargo, foi posteriormente anulado pelo Conselho Constitucional, embora isso não tenha impedido os opositores de denunciarem que as autoridades excederam os seus deveres em numerosas ocasiões durante os últimos anos, incluindo a detenção e prisão de figuras proeminentes da oposição e sua desqualificação das eleições.
Um dos candidatos mais proeminentes na corrida, o ex-primeiro-ministro Idriss Seck, também votou num centro eleitoral de Thiès, a terceira maior cidade do país, de onde apelou à calma e "agradeceu a Deus pela oportunidade de cumprir o dever cívico que é votar".
"Quero rezar para que estas eleições decorram em paz e tranquilidade e que, quando terminarem, o próximo presidente da República inicie uma era de paz, estabilidade e tranquilidade", concluiu após a votação, em declarações ao órgão de comunicação local Dakar Actu.
O mesmo apelo foi feito pelo Ministro do Interior, Mouhamadou Makhtar Cissé, que pediu aos senegaleses que votassem "em paz, calma e serenidade", e sublinhou que este domingo é "um dia de encorajamento democrático".
"O mais difícil de reconstruir são as relações humanas e sociais, ou mesmo o tecido social. Podemos reconstruir uma infraestrutura, mas um tecido social destruído é irreparável", declarou.
Faltam votar dois dos principais candidatos à vitória: Bassirou Diomaye Faye, pela oposição, e Amadou Ba, pela coligação no poder.
Com uma população de 18 milhões de habitantes, o Senegal é um dos países mais estáveis de uma África Ocidental abalada por golpes de Estado, que tem mantido fortes relações com o Ocidente.
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