Macky Sall, impedido de se candidatar por imperativo constitucional após as vitórias em 2012 e 2019, "congratula-se com o bom desenrolar das eleições" e "felicita Bassirou Diomaye Faye, que as tendências indicam ser o vencedor", publicou nas redes sociais.
"Esta é uma vitória da democracia senegalesa", acrescentou.
As felicitações de Macky Sall foram divulgadas horas depois do antigo primeiro-ministro e candidato do partido no poder, Amadou Ba, ter admitido a sua derrota para Faye.
"Tendo em conta a evolução dos resultados das eleições presidenciais e enquanto se aguarda a proclamação oficial, felicito (...) Bassirou Diomaye Diakhar Faye pela sua vitória na primeira volta", declarou Amadou Ba em comunicado.
O antigo primeiro-ministro, de 62 anos, representou nestas eleições a continuidade desejada pela coligação no poder, Benno Bokk Yaakaar ("Unidos pela Esperança", na língua wolof), e a Aliança para a República (APR), o partido de Sall.
As declarações de Ba e do Presidente cessante abrem o caminho para a Presidência a Faye, um inspetor de impostos de 44 anos, até há pouco tempo desconhecido do grande público.
Enquanto se aguarda a publicação dos resultados oficiais provisórios pela Comissão Eleitoral Nacional Autónoma (CENA), as estimativas de voto apontam para uma vitória esmagadora do líder da oposição, que obteria mais de 50% dos votos necessários para evitar uma segunda volta.
Os resultados da CENA devem ainda ser validados pelo Conselho Constitucional, a mais alta autoridade eleitoral do país.
Sete milhões de senegaleses estavam inscritos para votar domingo para escolher o Presidente numa eleição que pode resultar numa mudança profunda nas relações externas do país, regionais e internacionais.
Entre os 16 homens e uma mulher inscritos no boletim de voto, os dois favoritos - Bassirou Diomaye Faye, pela oposição, e Amadou Ba, pela coligação no poder, Benno Bokk Yakaar (BBY, Unidos pela Esperança, em wolof) - foram escolhas pessoais de duas individualidades políticas excluídas do escrutínio: o Presidente Macky Sall, e o líder da oposição, Ousmane Sonko.
Bassirou Diomaye Faye foi a figura escolhida pelo Patriotas Africanos do Senegal para o Trabalho, a Ética e a Fraternidade (Pastef), para representar a oposição, perante a impossibilidade de Sonko se candidatar, perseguido pela justiça senegalesa, que o condenou por um crime sexual e por incitamento à insurreição, associação criminosa no âmbito de um projeto terrorista e atentado à segurança do Estado.
A sua retórica soberanista e pan-africanista, assim como as declarações contra a "máfia do Estado", as multinacionais e o domínio económico e político, que considera ser exercido pela antiga potência colonial - a França -, granjearam-lhe um forte apoio entre os jovens, que constituem metade da população.
A votação estava inicialmente prevista para 25 de fevereiro, mas um adiamento de última hora provocou distúrbios e várias semanas de confusão que puseram à prova as práticas democráticas do Senegal.
Com uma população de 18 milhões de habitantes, o Senegal é um dos países mais estáveis de uma África Ocidental abalada por golpes de Estado, que tem mantido fortes relações com o Ocidente.
O discurso da oposição na campanha para estas eleições presidenciais foi sentido como portador de algumas ameaças pelo estrangeiro, que está a seguir o processo com particular atenção.
A dupla Sonko/Faye prometeu, caso seja poder, renegociar os contratos de exploração mineira e de energia que farão do Senegal um produtor de petróleo e gás natural a partir do final do ano.
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