Hutis condenam nove homossexuais à morte por crucificação e apedrejamento

Os rebeldes Hutis do Iémen condenaram à morte nove pessoas acusadas de sodomia, com penas que incluem crucificação e apedrejamento, denunciou hoje a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW).

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Lusa
27/03/2024 12:56 ‧ 27/03/2024 por Lusa

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Hutis

Além das penas de morte, os Hutis - que controlam uma parte significativa do país - condenaram 23 homens à prisão e aplicaram penas que vão até aos dez anos, três desses foram também condenados à flagelação pública.

"Os Hutis devem acabar com o uso da pena de morte e outras formas de punição cruéis e degradantes, bem como proporcionar um julgamento justo aos acusados", afirmou a ONG num comunicado.

O investigador da HRW para o Iémen e o Bahrein, Niku Jafarnia, afirmou na nota que "num desrespeito abominável do Estado de direito, os Hutis proferem sentenças de morte e sujeitam os prisioneiros a maus-tratos públicos sem justificação judicial aparente".

Jafarnia denunciou que os Hutis usam "essas medidas cruéis" para "distrair a atenção da sua incapacidade de governar e satisfazer as necessidades básicas da população".

A HRW analisou as acusações e os vídeos utilizados como acusações e afirmou que a polícia "não apresentou mandados de prisão" e "revistou e confiscou ilegalmente os telefones dos detidos".

A lei de processo penal do Iémen, ao abrigo dos artigos 132 e 172, proíbe detenções e apreensão de bens sob custódia da polícia sem ordem judicial, e o artigo 181 proíbe interrogatórios sem a presença de um advogado, sublinhou a HRW.

O grupo armado rebelde Huti assumiu o controlo da capital do Iémen, Sana, em setembro de 2014, provocando a fuga do Governo iemenita que é reconhecido pela comunidade internacional.

De acordo com o Monitor Euro-Mediterrânico dos Direitos Humanos, os tribunais Hutis condenaram 350 pessoas à morte na última década e 11 dessas já foram executadas.

"Para encobrir a sua brutalidade, os Hutis estão a acusar as pessoas de atos imorais, especialmente aqueles que se opõem" ao regime, disse Jafarnia.

Além disso, a HRW documentou violações graves cometidas por Governos do Médio Oriente e no Norte de África contra pessoas homossexuais, bissexuais e transgénero (LGBT+) ao utilizarem "fotos digitais, conversas e informações semelhantes obtidas de forma ilegal" para os condenar.

Leia Também: Hutis estão por detrás de pelo menos 50 ataques a navios, alertam EUA

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