Colômbia ordena expulsão de diplomatas argentinos após ofensas de Milei
A Colômbia ordenou a expulsão de diplomatas da Embaixada da Argentina em Bogotá, depois de o Presidente argentino, Javier Milei, ter apelidado o homólogo colombiano Gustavo Petro de "terrorista assassino" numa entrevista à CNN.
© Lusa
Mundo Colômbia
O Ministério dos Negócios Estrangeiros colombiano anunciou num comunicado que o Governo "ordenou a expulsão de diplomatas da Embaixada argentina na Colômbia", sem especificar o número de pessoas afetadas, e acrescentou: "O alcance desta decisão será comunicado à embaixada argentina através dos canais institucionais diplomáticos".
Milei referiu-se a Petro como um "assassino e terrorista" numa entrevista, na quarta-feira, ao canal em castelhano de televisão norte-americana CNN, na qual também chamou "ignorante" ao homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
A entrevista vai ser transmitida no domingo, mas o canal divulgou excertos já na quarta-feira.
A diplomacia colombiana disse que, "em nome do Governo da Colômbia, repudia as declarações feitas por Javier Milei".
"Não é a primeira vez que Milei ofende o Presidente colombiano, afetando as relações históricas de fraternidade entre a Colômbia e a Argentina", lembrou o ministério, na mesma nota.
Essas e outras expressões do Presidente argentino "prejudicaram a confiança da nação, além de ofender a dignidade" de Petro, "eleito democraticamente", destacou.
Este não é o primeiro confronto entre o ultraliberal Milei e o líder de esquerda Petro, ideologicamente opostos, no entanto a expulsão de pessoal diplomático é uma medida raramente utilizada por Bogotá.
O caso mais recente ocorreu em dezembro de 2020, quando dois diplomatas da Embaixada da Rússia foram expulsos depois de serem acusados de "atividades incompatíveis" com o posto, por alegadamente realizarem operações de inteligência militar.
Em 26 de janeiro, o Governo da Colômbia chamou o embaixador na Argentina, Camilo Romero, para consultas, depois de Milei ter afirmado que Petro "é um comunista assassino que está a afundar" o país.
Em resposta, a diplomacia colombiana afirmou que as declarações, proferidas numa entrevista, "violam os profundos laços de amizade, compreensão e cooperação que historicamente unem" os dois países, tendo por isso solicitado "consultas imediatas" com Romero.
Um mês mais tarde, a 24 de fevereiro, o Governo da Colômbia voltou a repudiar "declarações irresponsáveis" de Milei, que se referiu a Petro como "uma praga".
Nessa ocasião, o canal de televisão colombiano NTN24 entrevistou Milei, à saída da convenção anual da direita norte-americana, em National Harbor (Maryland), onde esteve o ex-presidente dos EUA Donald Trump.
Questionado sobre o que pensava de Petro, Milei disse: "Está a afundar os colombianos, ou seja, é uma praga letal para os próprios colombianos".
Quando Milei ainda era candidato à presidência da Argentina, foi criticado por Petro por comentários depreciativos sobre os socialistas, cujas ideias comparou às de Adolf Hitler.
Durante a última campanha eleitoral argentina, Petro apoiou abertamente o rival de Milei, Sergio Massa, e descreveu a vitória do ultraliberal como "triste para a América Latina".
O chefe de Estado da Colômbia foi também criticado por ter comparado Milei com os ditadores Jorge Videla, da Argentina, e Augusto Pinochet, do Chile.
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