"Em termos de terrorismo e segurança é claro que traz um certo nível de constrangimento [na mobilidade], embora nem sempre o que se diz na 'mídia' seja o retrato exato do que acontece na realidade", disse Mateus Magala, em entrevista à Lusa em Pemba, capital provincial de Cabo Delgado.
Apesar da insegurança, o ministro disse que a população tem-se deslocado para outros pontos da província, fazendo menção a ataques esporádicos e que podem ocorrer em "qualquer lugar".
"Não há assim uma tendência permanente de que há ataques nesse seguimento, não existe (...). Em qualquer lugar pode acontecer, mesmo onde menos se espera", frisou o responsável.
O ministro dos Transportes moçambicano pediu que se continue a confiar nas Forças de Defesa e Segurança, além de se investir em meios, treino, conhecimento e tecnologias "que ajudam a aumentar a segurança".
"Ameaça à segurança humana e da vida das pessoas sempre vai existir, o mais importante não é reconhecer isso e depois recuar do que tem de ser feito, o importante é reconhecer isso e apetrechar-se", referiu o governante.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Depois de uma ligeira acalmia em 2023, estes ataques multiplicaram-se nas últimas semanas, criando cerca de 100 mil deslocados só em fevereiro, além de um rasto de destruição, morte e famílias desencontradas.
Mateus Magala reconheceu ainda que as infraestruturas do país "não são resilientes às mudanças climáticas", situação que condiciona o movimento de pessoas e bens no período das chuvas no país.
"Nós temos grande parte da zona norte que sofre de erosão, onde as estradas são cortadas por causa da chuva, então a mobilidade tem de estar constrangida de todas as maneiras, não há outra coisa", disse Magala.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época da chuva.
Dados gerais do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) apontam para um total de 135 óbitos e mais de 130 mil pessoas afetadas na atual época da chuva, que decorre entre outubro e abril.
Leia Também: Moçambique ultrapassa cobertura de 50% de eletricidade no final de 2023