"Os sucessivos governos de Portugal têm sustentado nas organizações internacionais, em particular na Nações Unidas, a adoção da solução dos dois Estados. Queria acrescentar que o Governo português mantém esta posição e acrescentar mesmo que nós vemos com bons olhos a pretensão da Palestina em adquirir o estatuto de membro pleno nas Nações Unidas, que ultrapassa o de observador que tem neste momento", declarou o chefe do executivo, num debate na Assembleia da República sobre o Conselho Europeu extraordinário da próxima semana.
"É uma forma de sinalizarmos que vale a pena promover o entendimento, a negociação, conjugar, no âmbito de todas as organizações internacionais, os interesses para termos uma paz duradoura", afirmou Luís Montenegro, respondendo a uma pergunta do Bloco de Esquerda sobre se Portugal irá reconhecer o Estado da Palestina.
Mais tarde, em resposta ao PCP sobre o mesmo assunto, esclareceu que não acompanha o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que iniciou hoje um périplo por alguns países europeus para procurar consensos para o reconhecimento do Estado da Palestina.
Na próxima segunda-feira, Luís Montenegro encontra-se com o homólogo espanhol em Madrid, na sua primeira visita ao estrangeiro enquanto primeiro-ministro.
"O presidente do Governo espanhol não tem propriamente a mesma posição que o Governo português", esclareceu hoje, perante os deputados.
Sobre a guerra em curso há mais de seis meses entre o grupo islamita palestiniano Hamas e Israel, na Faixa de Gaza, o primeiro-ministro afirmou que o Governo português defende "um cessar-fogo imediato que permita a ajuda humanitária, o respeito por todo o direito internacional e que daí possa decorrer uma negociação com vista a uma paz duradoura".
Montenegro recordou que o anterior executivo de António Costa (PS) condenou "o ato terrorista" perpetrado pelo Hamas.
"Acrescento: é verdade que esse ato foi terrorista e que assiste a Israel, reconhecemos isso, o direito à legítima defesa, mas isso não significa que os direitos humanos devam ser colocados em crise a qualquer custo, por isso defendemos o cessar-fogo imediato", referiu.
O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades de Telavive.
Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.
A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que já está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.
[Notícia atualizada às 17h34]
Leia Também: Montenegro promete "firme compromisso de Portugal" com valores da UE