No primeiro ataque em território israelita, o Irão lançou mais de 300 mísseis e 'drones', em represália pelo atentado bombista de 01 deste mês contra o consulado iraniano em Damasco, que matou seis sírios e sete membros da Guarda Revolucionária, e que Teerão atribuiu a Telavive.
Segundo o Pentágono, a resposta anunciada pela República Islâmica foi "lançada a partir do Irão, do Iraque, da Síria e do Iémen", onde Teerão lidera uma rede de grupos rebeldes e milícias poderosas que travam guerras de várias formas contra Israel e os EUA, apoiando os palestinianos na Faixa de Gaza.
Segundo reporta a agência noticiosa espanhola EFE, estes são os principais aliados do Irão, alvos potenciais de uma resposta israelita.
Hezbollah, o porta-estandarte
Considerado o aliado mais poderoso do Irão no Médio Oriente, o grupo xiita libanês Hezbollah tem estado envolvido numa troca de tiros com Israel, de forma moderada mas intensa, principalmente ao longo da linha divisória comum, desde 08 de outubro, um dia após o início da guerra em Gaza.
Coincidindo com o ataque iraniano ao território israelita, o grupo armado anunciou o lançamento de "dezenas" de foguetes contra uma importante base militar no norte de Israel e, posteriormente, reivindicou a responsabilidade por outra barragem contra três postos militares no norte dos Montes Golã.
Em resposta, a aviação militar israelita bombardeou um edifício no vale de Bekaa, uma região no leste do Líbano, longe da fronteira comum, onde se concentram frequentemente os confrontos e que foi atacada várias vezes pelo Estado judeu nas últimas semanas.
No Líbano e em Israel, seis meses de confrontos deixaram já mais de 150.000 pessoas deslocadas de ambos os lados da fronteira, bem como cerca de 20 mortos do lado israelita e mais de 330 mortos do lado libanês.
Hutis na mira
Os rebeldes Hutis do Iémen demonstraram as suas capacidades lançando mísseis e 'drones' contra Israel, bem como ataques a navios mercantes no Mar Vermelho e no Mar da Arábia desde finais de novembro, com o objetivo de prejudicar as economias de Israel e dos seus aliados ocidentais.
As graves perturbações causadas por estes ataques e a ameaça dos Huthis a Israel levaram os Estados Unidos e o Reino Unido a lançar uma campanha de bombardeamentos contra posições dos insurrectos no Iémen em meados de janeiro, embora a formação rebelde afirme que tal não irá dissuadi-la.
Os Hutis não reivindicaram a responsabilidade pelo lançamento de projéteis ao mesmo tempo que o ataque iraniano a Israel, embora Washington e várias organizações informem que a Guarda Revolucionária Iraniana mantém unidades destacadas em várias zonas do Iémen controladas pelos insurgentes.
Milícias iraquianas em ação
Apesar de ter capacidades mais limitadas do que o Hezbollah e os Hutis, a chamada Resistência Islâmica no Iraque reivindicou a responsabilidade por cerca de 200 ataques contra bases ocupadas pelos Estados Unidos em território iraquiano e sírio, embora também tenha ocasionalmente visado o sul de Israel.
O grupo, constituído por uma amálgama de milícias leais ao Irão que operam no Iraque e na zona fronteiriça do leste da Síria, tem-se mantido discreto depois de um dos seus 'drones' ter matado três soldados norte-americanos na fronteira entre a Jordânia e a Síria, em janeiro.
Isto provocou uma resposta furiosa de Washington, que bombardeou fortemente as posições destes grupos armados tanto no Iraque como na Síria, deixando dezenas de mortos e fazendo soar o alarme sobre a abertura de uma nova frente de guerra que poderia levar a um confronto direto com o Irão.
O Governo iraquiano, que mantém um equilíbrio delicado entre Teerão e Washington, avisou os dois aliados de que o seu território não é um campo de batalha, depois de o Irão ter lançado mísseis contra o norte do Iraque, em janeiro, alegando que tinham como alvo uma sede dos serviços secretos israelitas da Mossad.
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