A artista israelita, representante do seu país na 60.ª edição Bienal de Veneza - será apresentada na quarta-feira - garantiu que a ideia não é cancelar a exposição.
A decisão visa "adotar uma posição de solidariedade para com as famílias dos reféns e com a ampla comunidade de Israel que exige mudanças", lê-se na página de internet de Ruth Patir.
O anúncio foi exibido hoje num cartaz colocado à porta do pavilhão, dentro do qual está tudo pronto para mostrar a instalação 'Pátria', de Patir, que já tinha apelado ao cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Em fevereiro, milhares de artistas, instituições e organizações culturais escreveram uma carta aos organizadores da Bienal de Veneza a pedir que Israel fosse excluído de uma das maiores mostras de arte internacionais, o que foi rejeitado pelos organizadores.
O ministro da Cultura italiano, Gennaro Sangiuliano, descreveu o pedido como "inaceitável, além de vergonhoso" e os organizadores rejeitaram qualquer tipo de boicote e confirmaram a presença do pavilhão israelita.
"Israel não só tem o direito de expressar a sua arte, mas tem o dever de dar o testemunho ao seu povo precisamente num momento como este, quando foi severamente espancado por terroristas implacáveis. A minha mais profunda solidariedade e proximidade ao Estado de Israel, aos seus artistas e a todos os seus cidadãos", disse, na altura Sangiuliano.
Na carta enviada à Fundação Bienal, os signatários asseguram que é "inaceitável acolher um Estado comprometido com as atrocidades que continuam a ser feitas contra palestinianos em Gaza".
A carta, que já conta com mais de oito mil signatários, foi promovida pela aliança de artistas e trabalhadores culturais Art Not Genocide Alliance (ANGA).
A 60ª edição da Bienal de Arte de Veneza, que ficará aberta ao público entre 20 de abril e 24 de novembro sob o título "Foreigners Anywhere" ("Estrangeiros em Todo o Lado, numa tradução livre), tem curadoria do brasileiro Adriano Pedrosa e contará com a participação de 88 pavilhões nacionais e centenas de artistas de todo o mundo.
Israel trava uma guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza desde 07 de outubro passado, quando combatentes do Movimento de Resistência Islâmica -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- atacaram território israelita.
O ataque, de proporções inéditas desde a criação do Estado de Israel, em 1948, provocou cerca de 1.200 mortos, a maioria dos quais civis, e criou cerca de 240 reféns, 34 dos quais já terão morrido e mais de metade dos quais continua sequestrada pelo Hamas.
Segundo o Ministério da Saúde palestiniano, controlado pelo movimento islamita, a guerra, que já dura há mais de seis meses, já fez quase 34 mil mortos e quase dois milhões de deslocados.
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