Nos últimos dias e através de relatos nas rádios e nas redes sociais, a população de localidades como Mansoa e Farim, no norte, Bafatá, no leste, Empada no sul e Bubaque, nas ilhas Bijagós, indicam que há falta de arroz.
Em Empada, Alfa Djaló, um comerciante local relatou à Lusa que "há mais de duas semanas" que parou de vender um saco de 50 quilogramas inteiros a quem queira comprar, com receio de ficar sem 'stock'.
"Só vendo ao quilograma, para desta forma conseguir vender ao maior número possível de clientes", explicou Djaló.
Até sexta-feira, dia em que o comerciante deixou de ter mesmo arroz para vender, o máximo que cada cliente podia levar da sua loja era três quilogramas por dia.
"Neste momento não tenho mais arroz", referiu o comerciante de Empada que aguarda que o seu fornecedor consiga o produto a partir de Bissau.
O relato de Alfa Djaló é quase o mesmo do de outros comerciantes um pouco por todo o interior da Guiné-Bissau.
O diretor-geral do Comércio Externo, Lassana Faty, admitiu que "há escassez de arroz nalgumas partes do país", mas sublinhou que o problema não se sente em Bissau.
Faty adiantou que, ainda no decorrer desta semana, o arroz será distribuído para as zonas do país onde existe a escassez.
O diretor-geral do Comércio Externo explicou que, neste momento, o Governo "está confrontado com uma exigência" do Fundo Monetário Internacional (FMI) no sentido de parar com as subvenções que faz às importações feitas pelos operadores económicos.
Para que o preço seja acessível à população, desde agosto que o Governo da Guiné-Bissau subvenciona a importação feita pelos operadores económicos e ainda reduziu a base tributária do produto, situações que o FMI considera "impraticáveis", segundo Lassana Faty.
O diretor-geral do Comércio Externo indicou que desde agosto o Estado guineense, com as duas facilidades na importação do arroz, "já perdeu cerca de quatro mil milhões de francos CFA", o equivalente a mais de seis milhões de euros.
"No próximo Conselho de Ministros, o Governo vai ter de tomar uma medida sobre esta questão das subvenções", afirmou Lassana Faty, para quem o caminho será terminar com a prática, o que, disse, fará subir o preço do arroz ao consumidor.
Faty adiantou que o consumo mensal do arroz no país, de 12 mil toneladas, "disparou nos últimos tempos" e suspeita que poderá estar relacionado com a venda do produto para países vizinhos, onde, acrescentou, o cereal é mais caro.
"A subvenção faz com que o preço seja mais barato aqui no país", esclareceu o diretor-geral do Comércio Externo guineense.
O presidente da Associação de Retalhistas dos Mercados da Guiné-Bissau, Aliu Seidi, observou que a conjuntura mundial faz com que o preço do arroz esteja em alta, mas informou que até ao momento não houve nenhuma mudança na estrutura do preço fixado pelo Governo.
"Que ninguém tente esconder o arroz para sufocar o mercado ou para depois aumentar o preço", destacou Aliu Seidi.
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