"Atualmente estou perante a procuradoria de Segurança do Estado [...] as pessoas presas ontem [terça-feira] são jornalistas, advogados e estudantes", disse Khaled Ali, advogado egípcio de direitos humanos, no Facebook.
Khaled Ali adiantou que entre os detidos estão também os advogados de direitos humanos Ragia Omran e Mahienour el-Massry, bem como a ativista Lobna Darwish, da Iniciativa Egípcia para os Direitos Pessoais (EIPR), e especificou que "cidadãos que por acaso passaram perto da reunião" também foram presos.
"A nossa colega Lobna Darwish [...] é uma das presas durante uma manifestação de mulheres em solidariedade com a Palestina e o Sudão", já tinha escrito na terça-feira Hossam Bahgat, um dos defensores dos direitos humanos mais influentes no Egito e fundador do EIPR.
Num comunicado divulgado durante a noite na sua página do Facebook, o Movimento Civil Democrático (MCD), coligação de 12 partidos políticos da oposição, condenou "a detenção de uma série de mulheres egípcias, incluindo ativistas, jornalistas e advogadas, enquanto realizavam uma manifestação pacífica na tarde de terça-feira em frente à sede da agência da ONU Mulheres para exigir o fim da guerra" em Gaza.
O movimento cita testemunhas que afirmaram que "a manifestação foi violentamente dispersada" e que vários ativistas "foram levados para um local desconhecido".
O movimento e a Comissão Egípcia para os Direitos e Liberdades exigiram a "libertação imediata" de todos os detidos pela polícia.
Os protestos são geralmente ilegais no Egito, Estado classificado no 136.º lugar, entre 142, na lista dos países com Melhor Estado de Direito da organização Projeto de Justiça Mundial (World Justice Project -- WJP).
O Egito é um dos países que mais utiliza a pena de morte. Segundo Washington, o Cairo viola os direitos humanos "em tudo, desde prisões à liberdade de expressão e aos direitos LGBT+".
Em abril de 2022, foi formada uma comissão presidencial de perdão, que permitiu a libertação de quase mil prisioneiros de consciência num ano,
No entanto, várias organizações de direitos humanos afirmam, no mesmo período, foram detidas mais de 3.000 pessoas.
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