"Se hoje olharmos para Veneza, admiramos a sua beleza encantadora, mas também nos preocupamos com os muitos problemas que a ameaçam", lamentou o Papa, que hoje visitou a cidade dos canais durante cinco horas.
Entre esses riscos citou as alterações climáticas porque "impactam as águas" onde está construída a cidade ou "a fragilidade dos edifícios e dos seus bens culturais" e patrimoniais.
Francisco também referiu a "dificuldade de criar um ambiente à medida do homem através de uma gestão turística adequada", arrancando aplausos dos quase 10.500 fiéis que assistiram à missa.
"Essas realidades correm o risco de gerar relações sociais desgastadas, individualismo e solidão", alertou.
Veneza, a cidade dos canais, foi declarada Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1987, mas enfrenta numerosos problemas como o turismo de massa e, sobretudo, o despovoamento (menos de 50.000 pessoas já vivem no seu centro histórico após anos de perda da população local).
Em setembro passado, o comité da UNESCO decidiu não incluir Veneza na lista do património mundial em risco devido ao plano de conservação das autoridades italianas.
Entre outras coisas, foi desviada a passagem de grandes navios de cruzeiro, que antes passavam perto da praça de São Marcos, e foi criado um sistema de diques móveis para isolar a cidade e evitar as marés altas do mar Adriático que a inundavam.
A cidade, um local frágil porque foi construída sobre a água, sofre especialmente as consequências das alterações climáticas e em novembro de 2019 sofreu as piores inundações desde 1966 devido à subida do nível do mar em 187 centímetros.
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