A medida, que entra em vigor na quinta-feira, vai permitir que residentes de Fujian visitem as ilhas Matsu, controladas por Taiwan, por motivos de turismo e negócios.
Numa segunda fase, vão ser autorizadas viagens de grupo a outras partes de Taiwan, informou o Ministério da Cultura e do Turismo chinês, no domingo.
O porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Governo chinês, Zhu Fenglian, instou Taiwan, no mesmo dia, a considerar os interesses do público e das companhias turísticas de ambos os lados do Estreito para retomar todos os voos diretos e viagens marítimas o mais rapidamente possível.
"Apesar do regresso parcial das rotas aéreas e marítimas diretas no ano passado, após a China levantar as restrições relativas à covid-19, as opções de voos continuam a ser limitadas e os serviços marítimos diretos de passageiros ainda não foram retomados", afirmou Zhu.
A Administração Geral das Alfândegas da China também anunciou no domingo que vai aprovar a importação de toranja e outros produtos agrícolas e de pesca de Taiwan, desde que cumpram os requisitos do continente chinês.
Em resposta à retoma do turismo entre Fujian e Matsu, o Conselho de Taiwan para os Assuntos Continentais - organismo responsável pelas relações com a China - criticou a decisão das autoridades de Pequim de "reduzir grosseiramente os objetivos iniciais" do plano de intercâmbio turístico entre os dois lados do Estreito.
"Apenas os residentes de Fujian estão autorizados a visitar Matsu, mas não Kinmen e Penghu", declarou o organismo num comunicado, no qual sublinhou ainda que os princípios chineses de "abertura recíproca" do turismo não estão a ser respeitados.
O Ministro do Interior de Taiwan, Lin Yu-chang, afirmou que "os intercâmbios equitativos" entre as duas margens do estreito são uma "expectativa e um consenso partilhados" pelo povo taiwanês, mas que esses intercâmbios, acrescentou, devem ser "sem condições prévias ou considerações políticas".
A abertura das exportações agrícolas e da pesca e a retoma das viagens entre Fujian e Matsu coincidiram com uma viagem à China de um grupo de deputados do Kuomintang (KMT), o principal partido da oposição de Taiwan.
Liderado por Fu Kun-chi, líder do grupo do KMT no Yuan Legislativo (parlamento taiwanês), o grupo de dezassete deputados reuniu-se com Wang Huning, presidente da Conferência Consultiva do Povo Chinês (órgão consultivo), e Song Tao, diretor do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado (Executivo chinês), no Grande Palácio do Povo, em Pequim, no sábado.
"Somos todos chineses e pertencemos à mesma família", afirmou Wang durante a reunião.
Após regressar a Taipé, Fu afirmou que, depois da "maratona de conversações" e da "coordenação constante" entre o KMT e as autoridades de Pequim, "registaram-se melhorias extraordinárias no turismo e na [exportação de] produtos agrícolas".
"Após o distanciamento dos últimos oito anos, é possível obter resultados frutuosos num curto espaço de tempo. É claro que isto é apenas o início e vamos continuar a trabalhar arduamente", afirmou o deputado da oposição, segundo a agência noticiosa estatal CNA.
A viagem dos deputados ocorreu a menos de um mês da tomada de posse do atual vice-presidente da ilha, William Lai, considerado um "independentista" aos olhos de Pequim.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil chinesa contra os comunistas.
Pequim considera a ilha uma província sua e não descarta o uso da força para alcançar a reunificação.
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