O Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS, na sigla em inglês) disse num comunicado ter "detetado muitos sinais de que a Coreia do Norte está a preparar ataques terroristas".
Os alvos poderão ser o pessoal das embaixadas da Coreia do Sul e cidadãos sul-coreanos em vários países, segundo o comunicado citado pela agência francesa AFP.
O NIS citou a China e países do Sudeste Asiático e do Médio Oriente como possíveis locais de maior perigo para os sul-coreanos.
"A Coreia do Norte enviou agentes para estes países para aumentar a vigilância das embaixadas sul-coreanas", disse o NIS.
A Coreia do Norte "está também envolvida em atividades específicas, como a procura de cidadãos sul-coreanos que possam tornar-se alvos potenciais" para atos de terrorismo, acrescentou.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros sul-coreano anunciou na quinta-feira que tinha aumentado o nível de alerta antiterrorista para as embaixadas no Camboja, Laos e Vietname.
A mesma decisão foi aplicada para os consulados em Shenyang, no nordeste da China, e Vladivostoque, no Extremo Oriente russo.
Pyongyang tem representações diplomáticas nestes cinco locais.
Segundo o NIS, as ameaças parecem estar ligadas a deserções de norte-coreanos retidos no estrangeiro durante a pandemia de covid-19, que estão a utilizar todos os meios para evitar o regresso, agora que Pyongyang reabriu as fronteiras.
A deserção é um crime grave na Coreia do Norte e os que tentam fazê-lo enfrentam penas severas, tal como os familiares no país.
Mesmo as pessoas com uma ligação indireta ao indivíduo que desertou podem ser punidas.
O NIS afirmou suspeitar que os diplomatas norte-coreanos enviam relatórios falsos para Pyongyang, atribuindo as deserções a "circunstâncias externas", referindo-se a incitamento da Coreia do Sul, para evitar serem responsabilizados.
O resultado é que o regime norte-coreano poderá estar a "preparar represálias" contra os diplomatas sul-coreanos, admitiu a "secreta" de Seul.
Cerca de 200 desertores norte-coreanos chegaram à Coreia do Sul em 2023, o número mais elevado desde 2017, de acordo com o Ministério da Reunificação sul-coreano.
Um ataque norte-coreano contra sul-coreanos no estrangeiro não seria inédito.
Suspeita-se que Pyongyang esteja na origem do assassínio, em 1996, de Choi Duk-keun, um cônsul sul-coreano em Vladivostoque, que foi injetado com veneno.
Em novembro de 1987, uma bomba colocada por um casal de agentes norte-coreanos explodiu a bordo de um avião da Korean Air que ia de Bagdade para Seul, matando as 115 pessoas a bordo, quase todas de nacionalidade sul-coreana.
Em outubro de 1983, três agentes norte-coreanos detonaram uma bomba em Rangum, em Myanmar (antiga Birmânia), durante uma visita do então Presidente sul-coreano, Chun Doo-hwan.
Chun sobreviveu, mas 21 pessoas foram mortas, incluindo vários dos seus ministros.
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