Um dia após a delegação negociadora do Hamas deixar o Cairo, no Egito, para consultar a liderança do movimento sobre a última proposta de Israel de cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns, o exército israelita pediu aos habitantes de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, para se deslocarem para "zonas humanitárias".
Em comunicado, as autoridades israelitas afirmaram que "o exército está a encorajar os residentes da parte oriental de Rafah a deslocaram-se para as zonas humanitárias alargadas", sendo a operação de retirada de civis temporária e de "âmbito limitado".
Estima-se que a medida afete "cerca de 100 mil pessoas, por enquanto", do total de 1,2 milhões que estão em Rafah, a maior parte das quais deslocadas pelos combates.
O exército indicou ainda que "os apelos à deslocação temporária para a zona humanitária serão transmitidos através de folhetos, SMS, chamadas telefónicas e mensagens em árabe nos meios de comunicação social".
Foi alargada a "zona humanitária a Al-Mawasi", a cerca de 10 quilómetros de Rafah, onde foram instalados "hospitais de campanha, tendas e um volume crescente de alimentos, água, medicamentos e outros artigos", com o exército a garantir que "este plano de evacuação foi concebido para manter os civis fora de perigo", uma vez que "o objetivo é lutar contra o Hamas, não contra o povo de Gaza".
Com iminência de ataque, continuarão as negociações?
Ao mesmo tempo que é feito um alerta à população civil, os países mediadores - Qatar, Egito e Estados Unidos - deverão continuar os contactos com ambas as partes e a delegação do Hamas deverá regressar ao Cairo para retomar o processo de negociações, que não tem tido sucesso devido à exigência do grupo islamita de que a ofensiva militar israelita na Faixa de Gaza termine em troca das libertações de reféns.
O chefe do serviço de informações dos EUA (CIA), William Burns, deverá também encontrar-se com o primeiro-ministro do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdelrahmane Al Thani, para discutir negociações indiretas entre Israel e o Hamas.
O líder político do movimento islâmico palestiniano Hamas, Ismail Haniye, acusou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de "inventar perpetuamente desculpas", como atos de "sabotagem", para prolongar o conflito.
O responsável garantiu que continua interessado em chegar a um "acordo abrangente e interligado" que ponha fim à guerra com Israel, mas manteve a exigência de que qualquer pacto garanta também um cessar-fogo imediato com a retirada das tropas israelitas de Gaza.
O conflito escalou a 7 de outubro, quando um ataque do Hamas no sul de Israel causou perto de 1.200 mortos, na maioria civis. O movimento islamita fez mais de 250 reféns, dos quais 128 permanecem em cativeiro em Gaza e 35 terão morrido, de acordo com dados israelitas.
Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma vasta ofensiva na Faixa de Gaza, que já causou mais de 34.600 mortos, na maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do movimento islamita palestiniano.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por vários países, incluindo Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Leia Também: Ataque israelita contra Rafah mata 16 membros de duas famílias