Milhares a abandonar leste de Rafah, diz Crescente Vermelho Palestiniano

O Crescente Vermelho Palestiniano indicou hoje que "milhares de pessoas" estão a abandonar o leste de Rafah, no sul de Gaza, após ataques aéreos israelitas àquela zona, que o Exército israelita ordenara horas antes que fosse evacuada.

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Lusa
06/05/2024 18:30 ‧ 06/05/2024 por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"O número de pessoas a deslocar-se de áreas do oriente para o ocidente da cidade de Rafah é significativo. Especialmente desde a intensificação dos bombardeamentos, milhares de pessoas estão a abandonar as suas casas", declarou o porta-voz do Crescente Vermelho Palestiniano (CVP), Ossama al-Kahlut.

Segundo o porta-voz, cerca de 250.000 pessoas vivem nos bairros abrangidos pela ordem de evacuação, o que intensificou "o clima de terror e pânico" criado pelos bombardeamentos israelitas desta noite e madrugada.

Israel iniciou hoje uma operação destinada a fazer retirar dezenas de milhares de famílias palestinianas da parte oriental da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, onde o Exército se está a preparar para lançar uma ofensiva terrestre, na sua guerra contra o movimento islamita palestiniano Hamas, em curso há quase sete meses.

Apesar da condenação internacional, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, insistiu que vai realizar a ofensiva, tendo o Exército afirmado hoje ser essencial "destruir os últimos quatro batalhões" do Hamas naquele território palestiniano.

Habitantes citados pela agência de notícias francesa AFP declararam que se inteiraram da notícia quando acordaram, após uma noite marcada pelo ruído de explosões de projéteis israelitas. Alguns estavam a embalar os pertences nas suas tendas inundadas pelas fortes chuvas, ou a empilhá-los em atrelados.

De acordo com as equipas de socorro, os bombardeamentos noturnos fizeram pelo menos 16 mortos em duas famílias, e a proteção civil anunciou hoje que o Exército estava a intensificar os seus ataques em dois dos bairros cuja evacuação ordenou.

Rafah, situada no extremo sul da Faixa de Gaza, transformou-se num gigantesco campo de refugiados que alberga, segundo a ONU, 1,2 milhões de palestinianos, ou seja, metade da população do território, na maioria deslocados.

Israel declarou a 07 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para erradicar o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder em Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- fez também 250 reféns, 128 dos quais permanecem em cativeiro e pelo menos 35 morreram entretanto, segundo o mais recente balanço das autoridades israelitas.

A guerra, que hoje entrou no 213.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza cerca de 35.000 mortos, mais de 77.000 feridos e milhares de desaparecidos presumivelmente soterrados nos escombros, na maioria civis, de acordo com números atualizados das autoridades locais.

O conflito fez também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" que está a fazer vítimas - "o número mais elevado alguma vez registado" pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Leia Também: Biden reitera a Netanyahu oposição a uma ofensiva terrestre em Rafah

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