"Certamente a situação é muito preocupante. Não posso antecipar as perdas humanitárias que isto vai originar", alertou Borrell, perante a imprensa, à chegada a um Conselho de Ministros europeu do Desenvolvimento.
"Produzirá outra grande crise humanitária, ainda maior do que a que existe. Veremos como podemos mitigar as consequências desta situação", prosseguiu.
O chefe da diplomacia da UE lamentou que a ofensiva terrestre israelita contra Rafah (sul de Gaza) começou (apesar de todas as petições da comunidade internacional".
"Temo que esta vá causar de novo muitas baixas civis", insistiu e recordou que na Faixa de Gaza há mais de 600.000 crianças que serão "empurrados para zonas seguras", sublinhando que não há "zonas seguras" em Gaza.
Também destacou que a UE não está no terreno para reunir informação, algo que obtém pela imprensa e as Nações Unidas, que "têm a capacidade de avaliar a situação" no local.
Questionado sobre se os ministros europeus vão tomar alguma medida perante esta situação, o político espanhol afirmou que os titulares do Desenvolvimento falaram hoje sobre "como aumentar o apoio", e que no próximo dia 27, a situação política será considerada.
"Este não é o local para discutir sanções, mas sim cooperação e apoio. Veremos no próximo Conselho de Negócios Estrangeiros", comentou.
Sobre a carta remetida por Espanha e pela Irlanda, à Comissão Europeia, para pedir a restrição do Acordo de Associação entre a UE e Israel, Borell, disse que, segundo a informação de que dispõe, a presidente da instituição, Ursula von der Leyen, não respondeu à missiva.
Borrell deixou claro que, neste momento, infelizmente, não há possibilidade de começar a discutir planos de paz", e pediu para se continuar a trabalhar por um cessar fogo, pela libertação dos reféns nas mãos do grupo islamista Hamas e pelo início de um processo político.
Além disso, disse que não vê razão para não serem retomados os pagamentos à Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos, a UNRWA, após o relatório independente elaborado pela exministra francesa Catherine Colonna, na sequência das acusações israelitas de terrorismo contra a organização.
Após esse relatório, Borrell asegurou que a idea de cortar financiamento à UNRWA "não tem fundamento".
Recordou que todos os Estados membros retomaram os pagamentos à UNRWA, "uma instituição fundamental para centenas de milhares de pessoas".
Também apontou que recebeu uma carta do chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, na qual solicita que a Comissão Europeia proceda aos financiamentos seguintes previstos para a agência, e espera que os Estados membros apoiem este pedido.
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