Programa nuclear? AIEA pede "resultados" e insta resposta do Irão
O líder da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) instou hoje o Irão a "apresentar resultados concretos o mais rapidamente possível", denunciando uma cooperação reduzida ao mínimo e uma situação "absolutamente insatisfatória" apesar dos avanços do programa nuclear iraniano.
© Thomas Kronsteiner/Getty Images
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"A situação atual é absolutamente insatisfatória. Estamos quase num impasse (...) e isto tem de mudar", realçou Rafael Grossi, em declarações aos jornalistas no aeroporto de Viena, à chegada a uma visita de dois dias a Teerão, onde procurou "retomar compromissos" com os iranianos.
"Queremos resultados e os queremos em breve, e penso que [os responsáveis iranianos] também o compreenderam", acrescentou.
O diplomata argentino realçou que a comunidade internacional espera respostas do Irão "mais cedo ou mais tarde".
Grossi viajou esta segunda-feira para o Irão, com o objetivo de fortalecer a supervisão das atividades nucleares de Teerão, após meses de pouco progresso.
Ainda no Irão, Rafael Grossi tinha destacado que a AIEA e Teerão estavam a negociar a aplicação do acordo de 2023 para alargar as inspeções ao programa nuclear iraniano.
Em 2023, Teerão ofereceu amplas garantias à AIEA para esclarecer questões de longa data sobre partículas artificiais de urânio encontradas em locais não declarados e para reinstalar equipamentos de monitorização, mas pouco progresso foi feito nesses compromissos.
O diretor-geral da agência da ONU recusou em Viena dar detalhes específicos sobre o que foi negociado devido à sensibilidade do assunto e porque algumas destas medidas são voluntárias.
Mas indicou que parte das negociações foram sobre o nível de enriquecimento de urânio e o acesso a instalações nucleares.
Atualmente, o Irão enriquece urânio com até 60% de pureza, segundo dados da própria agência nuclear da ONU, e aproxima-se dos 90% necessários para construir uma bomba atómica.
As negociações entre a AIEA e a República Islâmica decorrem num contexto de grande tensão regional devido à ofensiva israelita em Gaza.
Grossi visitou hoje Isfahan, que acolhe grande parte do programa nuclear iraniano e que sofreu um ataque no mês passado, atribuído a Israel, sem causar danos às instalações nucleares.
As relações entre o Irão e a AIEA têm-se deteriorado desde que Teerão deixou de respeitar os compromissos assumidos no acordo nuclear de 2015, em resposta à saída dos Estados Unidos do pacto em 2018, durante a presidência de Donald Trump (2017-2021).
Desde então, Teerão reduziu as inspeções, violou os níveis de enriquecimento de urânio e armazenou quantidades dessa matéria-prima, desligou câmaras de segurança e baniu vários inspetores da ONU.
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