"Peço que seja adotada uma posição nacional libanesa para abrir o mar à partida voluntária dos sírios deslocados em direção à Europa (...) Quando uma decisão como esta for tomada, todos os ocidentais e europeus virão ao Líbano, e, em vez de pagarem mil milhões, [pagarão] 20 mil milhões", disse Nasrallah num discurso televisionado.
No dia 02 de maio, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou, durante uma visita a Beirute, um pacote de ajuda comunitária ao Líbano no valor de mil milhões de euros até 2027, valor a ser distribuído por vários projetos de desenvolvimento.
Von der Leyen explicou que parte do dinheiro será dedicado à gestão dos 1,5 milhões de refugiados da Síria, um anúncio que surgiu num contexto de forte aumento do número de barcos com sírios a chegar à costa cipriota com proveniência no Líbano.
Alguns blocos políticos interpretaram a ajuda da UE como uma espécie de suborno para travar o fluxo de refugiados para a Europa, tendo o parlamento libanês uma sessão agendada para quarta-feira para debater o pacote financeiro.
"Quando formos os nossos próprios senhores, e não escravos, e possuirmos os elementos do poder, seremos capazes de impor as nossas condições ao inimigo", acrescentou o líder do Hezbollah durante o seu discurso.
Nasrallah considerou que a solução para a crise dos refugiados sírios passa pelo levantamento das sanções internacionais que pesam sobre Damasco, o que permitiria à nação em guerra e empobrecida recuperar da sua situação "numa questão de anos".
Embora depois de treze anos de guerra as frentes de batalha estejam praticamente congeladas na Síria, muitas organizações não-governamentais e membros da comunidade internacional consideram que o regresso dos refugiados não é seguro, devido, em parte, às represálias que o regime de Damasco pode exercer contra aqueles que deixaram o país.
Muitos países e blocos, incluindo a UE, não mantêm relações com o governo do Presidente sírio, Bashar al-Assad, aliado proeminente do Hezbollah, que Estados Unidos e Bruxelas classificam como movimento terrorista.
No mesmo discurso, Hasan Nasrallah levantou a possibilidade de a população israelita regressar às cidades do norte do seu país, ao longo da fronteira com o Líbano, caso cesse a ofensiva militar de Telavive na Faixa de Gaza contra o grupo palestiniano Hamas, seu aliado.
"Diga ao seu governo [israelita] para parar a agressão contra Gaza se quiser regressar ao norte", disse Nasrallah, referindo-se à troca de tiros quase diária entre Israel e o Hezbollah, na fronteira com o Líbano, desde o começo da guerra no território palestiniano, em 07 de outubro.
O líder do Hezbollah afirmou que "os americanos informaram o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que não há solução no norte sem um cessar-fogo em Gaza".
A nível estratégico, acredita que "Israel está num beco sem saída", em que deve decidir se aceita um cessar-fogo e assim reconhecer a sua derrota ou continuar com a ofensiva e seguir "para o abismo".
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