Intensificação de combates em Kharkiv agrava impacto humanitário, diz ONU
A situação de segurança na região ucraniana de Kharkiv, onde os combates se intensificaram, está a agravar os riscos e desafios para socorristas, autoridades locais e trabalhadores humanitários que ajudam a retirar civis, indicou hoje a ONU.
© Reuters
Mundo Ucrânia
"A 16 de maio, intensos combates no norte da região de Kharkiv provocaram mais mortes e ferimentos de civis e danos nas infraestruturas civis, [e] foram registados ataques com impacto humanitário na cidade de Kharkiv e noutras partes da região", denunciou o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) num comunicado.
"As autoridades locais informaram que as instalações e os profissionais de saúde foram afetados por ataques [russos] nos últimos dois dias consecutivos, inclusive com ferimentos em elementos das equipas médicas", prosseguiu o OCHA.
Na região de Kharkiv - em particular na fronteira norte e nas comunidades da linha da frente, onde os serviços básicos estão totalmente destruídos - "47 organizações humanitárias estiveram envolvidas no apoio ao processo de evacuação entre 10 e 16 de maio", precisou.
Durante a semana passada, os combates das forças russas, que em fevereiro de 2022 invadiram a Ucrânia, "expulsaram milhares de pessoas de suas casas", e "as agências da ONU, as organizações não-governamentais internacionais e nacionais e os voluntários deram uma resposta humanitária coordenada à intensificação dos ataques e dos combates terrestres na região de Kharkiv, apoiando os esforços das autoridades e dos serviços de salvamento", sublinhou.
Além disso, "44 parceiros prestaram assistência no centro de trânsito de Kharkiv, durante esse período, incluindo alimentos, água potável, artigos de higiene, vestuário, roupa de cama e outros artigos domésticos, medicamentos e serviços de saúde, aconselhamento jurídico e apoio psicológico".
Segundo a agência da ONU, desde 10 de maio, "cerca de 6.700 pessoas foram registadas por organizações humanitárias no centro de trânsito da cidade de Kharkiv e receberam algum tipo de assistência humanitária".
Entre elas, "contam-se cerca de 3.000 pessoas cuja retirada e transporte para a cidade de Kharkiv foram coordenados pelas organizações humanitárias com as autoridades", ao passo que milhares de outras "deixaram as zonas afetadas pelos seus próprios meios e procuraram assistência no centro à chegada", descreveu o OCHA.
"As necessidades mais urgentes das pessoas que foram retiradas incluíam alojamento, material de higiene, medicamentos, apoio psicológico, assistência jurídica, bem como vestuário, artigos para o lar e outros bens essenciais, uma vez que muitos não puderam levar os seus pertences durante a evacuação urgente ou perderam-nos devido aos ataques", acrescentou o organismo.
Entre 10 e 16 de maio, "cerca de 660 pessoas foram alojadas em centros coletivos, tendo a maior parte delas conseguido encontrar alojamento por si mesmas", enquanto "os parceiros humanitários começaram a fazer avaliações e melhorias nos centros coletivos para garantir condições adequadas aos recém-chegados".
Durante o mesmo período, "quase 2.700 pessoas registaram-se para receber assistência monetária polivalente destinada a cobrir as suas necessidades básicas" e foram recebidas "mais de 3.560 chamadas telefónicas para a linha direta de evacuação gerida pelo Centro de Coordenação da Ajuda, entre as quais cerca de 650 pedidos de retirada", indicou o OCHA.
O departamento das Nações Unidas fez ainda saber que "as organizações humanitárias continuam a mobilizar equipas para responder aos locais afetados pelos ataques noutras partes da região de Kharkiv, incluindo a distribuição às famílias de materiais de reparação de emergência e o envio de psicólogos para prestar apoio imediato às pessoas afetadas".
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
Os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais.
Segundo o OCHA, nos últimos meses, verificou-se "uma redução do espaço humanitário em resultado da deterioração da situação de segurança ao longo da linha da frente na região de Donetsk, do aumento dos ataques na cidade de Kharkiv e nas comunidades do norte da região de Kharkiv e da introdução de um mecanismo de coordenação dos movimentos para os intervenientes humanitários na região de Kherson".
"Em março e abril, foram comunicados ao Grupo de Trabalho para o Acesso Humanitário pelo menos 19 incidentes de acesso humanitário, em comparação com os 32 registados nos primeiros dois meses de 2024", referiu a organização.
Os bombardeamentos russos e combates no terreno "também continuaram a perturbar as operações humanitárias em todo o país, o que afetou os esforços de socorro, sendo que dez dos 11 incidentes que envolveram violência contra bens e instalações humanitárias ocorreram nas regiões da linha da frente: Donetsk, Kharkiv, Kherson e Zaporijia".
Além disso, acrescentou o OCHA, "as hostilidades resultaram em quatro incidentes em que as operações humanitárias tiveram de ser suspensas por razões de segurança".
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