Milei critica Sanchéz e mulher e abre crise diplomática "sem precedentes"

Milei chamou "corrupta" à mulher de Pedro Sánchez durante um discurso em Madrid. O governo espanhol já reagiu e exigiu um pedido de desculpas, considerando tratar-se de "algo sem precedentes na história das relações internacionais".

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© Paul Hanna/Bloomberg via Getty Images

Márcia Guímaro Rodrigues
19/05/2024 18:30 ‧ 19/05/2024 por Márcia Guímaro Rodrigues

Mundo

Espanha

O presidente da Argentina, Javier Milei, provocou, este domingo, uma crise diplomática "sem precedentes" entre Buenos Aires e Madrid por afirmar que a mulher do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, é "corrupta", durante um discurso numa convenção da extrema-direita na capital espanhola. 

O governo espanhol já reagiu e exigiu que o presidente retire as acusações "muito sérias" e peça desculpas publicamente a Pedro Sánchez e à mulher, Begoña Gómez.

"Não sabem que tipo de sociedade pode produzir o socialismo, que laia de gente e que tipo de abusos pode gerar", começou por referir o liberal Milei, na convenção Europa Viva24, no pavilhão Vistalegre de Madrid, citado pela imprensa espanhola.

"Mesmo que tenha uma mulher corrupta, tira cinco dias para pensar", acrescentou, numa referência à investigação a Begoña Gómez, iniciada na sequência de uma denúncia por alegado tráfico de influências. 

Após a divulgação da investigação, numa quarta-feira, Pedro Sánchez decidiu cancelar a agenda para "pensar" e remeteu esclarecimentos para a segunda-feira seguinte.

Em conferência de imprensa, o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares, condenou as acusações "muito sérias", considerando que se trata de "algo sem precedentes na história das relações internacionais".

"Javier Milei foi recebido de boa fé na capital espanhola para participar num evento político de extrema-direita e foi tratado com todo o respeito. Foram-lhe disponibilizados recursos públicos do Estado espanhol e ele respondeu com um ataque frontal à nossa democracia", disse o ministro, numa conferência de imprensa no Palácio da Moncloa. 

"Os insultos do senhor Milei rompem com todos os costumes diplomáticos e com as regras mais básicas de convivência entre países", acrescentou.

O ministro exigiu um pedido de desculpas e deixou um alerta: "Se estas desculpas não ocorrerem, tomaremos todas as medidas que consideramos adequadas para defender a nossa soberania e a nossa dignidade".

Albares anunciou ainda que decidiu retirar a embaixadora espanhola na Argentina, María Jesús Alonso, mas antes revelou ter contactado os líderes parlamentares dos partidos representados no parlamento espanhol e o alto representante da União Europeia para as Relações Externas, Josep Borrell, 

Borrell condenou já "os ataques" de Milei, numa publicação na rede social X.

"Os ataques contra familiares dos líderes políticos não têm espaço na nossa cultura: condenamo-los e rejeitamo-los, especialmente quando vêm de parceiros", escreveu Borrell.

Sublinhe-se que o líder do Chega, André Ventura, é um dos convidados da convenção. No evento estão também o espanhol Santiago Abascal, líder do Vox, a francesa Marine Le Pen (União Nacional), o ex-primeiro-ministro da Polónia Mateuwsz Morawiecki (Lei e Justiça, PiS) e, por videoconferência, os primeiros-ministros de Itália, Giorgia Meloni (Irmãos de Itália), e da Hungria, Viktor Orbán (Fidesz).

Pode ver, na galeria acima, a intervenção de Javier Milei.

Leia Também: Direita radical reúne-se em Madrid com Milei como convidado

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