O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia disse em comunicado que vai "convocar um representante da Federação Russa para obter uma explicação completa".
A Lituânia expulsou o embaixador russo e reduziu as relações diplomáticas com Moscovo em abril de 2022, em resposta às atrocidades cometidas na cidade de Bucha, imputadas às forças invasoras da Rússia na Ucrânia.
A chefe da diplomacia da Finlândia, Elina Valtonen, disse, por seu lado, aos jornalistas em Helsínquia que estava a monitorizar a situação.
"Não temos informações oficiais sobre o que a Rússia está a planear", afirmou.
De acordo com um projeto de decreto do Ministério da Defesa russo divulgado na terça-feira, Moscovo quer expandir as suas águas territoriais, modificando a sua fronteira com a Finlândia e a Lituânia no Mar Báltico.
A redefinição das coordenadas geográficas colocaria as áreas finlandesas e lituanas sob controlo russo.
As fronteiras da Rússia na região ocidental de Kaliningrado e na parte oriental do Golfo da Finlândia seriam alteradas, segundo o documento.
"O Kremlin aparentemente negou", declarou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, durante uma visita a Lituânia, mas em qualquer caso, alertou, "parece ser um novo exemplo da forma pérfida como [o Presidente russo, Vladimir] Putin está a travar uma guerra híbrida".
Segundo declarações fornecidas pela diplomacia de Berlim, trata-se de "incerteza, provocação, relativização, abertura de brecha, ameaça", acrescentando que, "em suma, todo o repertório é novamente visível ou pelo menos sugerido aqui".
Também a ministra finlandesa aludiu a "uma influência híbrida", traduzida por "semear a confusão", e recordou que "a Rússia é membro e parte da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar", pelo que espera que Moscovo cumpra os acordos, enquanto o seu país "não se deixará desorientar".
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, criticou igualmente o projeto russo como uma "nova operação híbrida em andamento", com o objetivo de "espalhar o medo, a incerteza e a dúvida sobre as suas intenções" no Mar Báltico.
"Esta é uma escalada óbvia contra a NATO e a União Europeia, que deve ser objeto de uma resposta firme e adequada", acrescentou o ministro.
Ao mesmo tempo, o Presidente lituano, Gitanas Nauseda, disse que o embaixador do seu país na NATO expressouaos aliados preocupação sobre os planos russos.
"É uma violação flagrante do direito internacional, não só quando se denuncia o tratado, mas também quando se fala ou divulga informações desta natureza", declarou à imprensa.
O Presidente finlandês, Alexander Stubb, que supervisiona a política externa do país, disse na rede X que "a Rússia não tem estado em contacto com a Finlândia sobre esta questão".
O Ministério da Defesa russo afirmou que a mudança, que deverá entrar em vigor em janeiro de 2025, foi necessária porque as coordenadas geográficas estabelecidas no final do século XX "não correspondem totalmente à situação geográfica atual".
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