Finlândia e Lituânia pedem explicações a Moscovo sobre alterações da fronteira

A Finlândia e a Lituânia solicitaram hoje à Rússia que explique o seu plano de modificar unilateralmente a sua fronteira marítima, com os dois países a alertar que este pode ser um novo ato de guerra híbrida.

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Lusa
22/05/2024 20:02 ‧ 22/05/2024 por Lusa

Mundo

Rússia 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Lituânia disse em comunicado que vai "convocar um representante da Federação Russa para obter uma explicação completa".

A Lituânia expulsou o embaixador russo e reduziu as relações diplomáticas com Moscovo em abril de 2022, em resposta às atrocidades cometidas na cidade de Bucha, imputadas às forças invasoras da Rússia na Ucrânia.

A chefe da diplomacia da Finlândia, Elina Valtonen, disse, por seu lado, aos jornalistas em Helsínquia que estava a monitorizar a situação.

"Não temos informações oficiais sobre o que a Rússia está a planear", afirmou.

De acordo com um projeto de decreto do Ministério da Defesa russo divulgado na terça-feira, Moscovo quer expandir as suas águas territoriais, modificando a sua fronteira com a Finlândia e a Lituânia no Mar Báltico.

A redefinição das coordenadas geográficas colocaria as áreas finlandesas e lituanas sob controlo russo.

As fronteiras da Rússia na região ocidental de Kaliningrado e na parte oriental do Golfo da Finlândia seriam alteradas, segundo o documento.

"O Kremlin aparentemente negou", declarou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, durante uma visita a Lituânia, mas em qualquer caso, alertou, "parece ser um novo exemplo da forma pérfida como [o Presidente russo, Vladimir] Putin está a travar uma guerra híbrida".

Segundo declarações fornecidas pela diplomacia de Berlim, trata-se de "incerteza, provocação, relativização, abertura de brecha, ameaça", acrescentando que, "em suma, todo o repertório é novamente visível ou pelo menos sugerido aqui".

Também a ministra finlandesa aludiu a "uma influência híbrida", traduzida por "semear a confusão", e recordou que "a Rússia é membro e parte da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar", pelo que espera que Moscovo cumpra os acordos, enquanto o seu país "não se deixará desorientar".

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, criticou igualmente o projeto russo como uma "nova operação híbrida em andamento", com o objetivo de "espalhar o medo, a incerteza e a dúvida sobre as suas intenções" no Mar Báltico.

"Esta é uma escalada óbvia contra a NATO e a União Europeia, que deve ser objeto de uma resposta firme e adequada", acrescentou o ministro.

Ao mesmo tempo, o Presidente lituano, Gitanas Nauseda, disse que o embaixador do seu país na NATO expressouaos aliados preocupação sobre os planos russos.

"É uma violação flagrante do direito internacional, não só quando se denuncia o tratado, mas também quando se fala ou divulga informações desta natureza", declarou à imprensa.

O Presidente finlandês, Alexander Stubb, que supervisiona a política externa do país, disse na rede X que "a Rússia não tem estado em contacto com a Finlândia sobre esta questão".

O Ministério da Defesa russo afirmou que a mudança, que deverá entrar em vigor em janeiro de 2025, foi necessária porque as coordenadas geográficas estabelecidas no final do século XX "não correspondem totalmente à situação geográfica atual".

Leia Também: PR guineense diz que não precisa de autorização para visitar a Rússia

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