"Chegou o momento de o Reino Unido escolher o seu futuro", afirmou o chefe de Governo, confirmando rumores que poucas horas antes tinha recusado clarificar.
Questionado durante o debate semanal no parlamento sobre a especulação a circular na imprensa e nas redes sociais, o líder conservador reiterou apenas que seria na segunda metade do ano.
O burburinho continuou porque o ministro dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, regressou mais cedo de uma viagem à Albânia para estar presente num conselho de ministros realizado hoje à tarde, em vez da habitual terça-feira.
O segredo acabou por não durar muito tempo.
Alguns meios de comunicação britânicos avançaram com a data ao início da tarde e os jornalistas começaram a concentrar-se em Downing Street, local da residência e gabinete do primeiro-ministro.
A confirmação chegou cerca das 17h15, quando Sunak saiu para se dirigir às câmaras de televisão, apesar dos chuviscos, e indicou que já tinha falado com o Rei Carlos III para pedir a dissolução do parlamento, evitando a tradicional deslocação ao Palácio de Buckingham.
"O Rei aceitou o pedido e teremos eleições legislativas no dia 04 de julho", afirmou, cada vez mais molhado pela chuva.
Não terá sido por coincidência que escolheu para fazer o anúncio o dia em que que se soube que a taxa de inflação caiu para 2,3%, o nível mais baixo em quase três anos.
Esta semana, o Fundo Monetário Internacional também fez previsões positivas para a economia britânica, que cresceu 0,6% no primeiro trimestre, pondo fim à recessão.
"Esta é a prova de que o plano e as prioridades que estabeleci estão a funcionar", disse Sunak, que prometeu "lutar por cada voto".
No exterior dos portões que protegem Downing Street, manifestantes tocavam em som alto "Things Can Only Get Better" ["As coisas só podem melhorar"], música emblemática de quando Tony Blair chegou ao poder, em 1997, e numa altura em que, 27 anos depois, o Partido Trabalhista, principal partido da oposição, é favorito para vencer as eleições.
Uma média das sondagens dos últimos meses feita pelo site Politico dá aos trabalhistas 44% das intenções de voto, muito à frente dos conservadores, com 23%.
"Um momento que o país precisa e tem estado à espera " e uma "oportunidade para a mudança", foi como a notícia foi recebida pelo líder do 'Labour', Keir Starmer.
As eleições legislativas britânicas devem realizar-se, pelo menos, de cinco em cinco anos, mas a data é decidida pelo primeiro-ministro, que tinha até ao fim de janeiro como prazo.
Os conservadores perderam uma série de eleições parciais este ano e dois dos seus deputados desertaram recentemente para o Partido Trabalhista.
Após o sucesso nas eleições autárquicas, em maio Starmer posicionou o 'Labour' como o partido da estabilidade económica que vai "acabar com o caos" dos conservadores.
A Câmara dos Comuns de Westminster tem 650 lugares e para alcançar uma maioria absoluta o Partido Trabalhista terá de conseguir eleger pelo menos 326 deputados.
Nas últimas eleições gerais, em 2019, os conservadores liderados por Boris Johnson obtiveram uma maioria histórica de 365 lugares, contra 203 para os trabalhistas.
Segundo o calendário avançado pelo Executivo, o novo parlamento eleito reunirá pela primeira vez a 09 de julho para tomada de posse dos deputados e eleição do presidente da Câmara dos Comuns.
A abertura oficial terá lugar uma semana mais tarde, a 17 de julho.
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