Ursula von der Leyen, candidata do Partido Popular Europeu (PPE) e presidente do executivo comunitário em exercício, disse que está construída uma "perspetiva a longo prazo de neutralidade [carbónica] até 2050" e que hoje os 27 países do bloco comunitário têm "um quadro, um roteiro para lá chegar".
"Agora precisamos de implementar, de garantir que dialogamos com a indústria e os agricultores. Nas manifestações, eles [os agricultores] são claros: 'Queremos a neutralidade carbónica, queremos lá chegar, mas queremos passar de condicionalismos a incentivos'", continuou von der Leyen, acrescentando que hoje a UE tem os mecanismos tecnológicos para alcançar os objetivos climáticos.
Mas a perspetiva positiva de Ursula von der Leyen esbarrou com as críticas dos outros quatro candidatos.
Nicolas Schmit, candidato principal do Partido Socialista Europeu (PES) e comissário do Emprego e Direitos Sociais do executivo de von der Leyen, considerou que "a política climática correta" pode conduzir à sustentabilidade.
Mas para isso é necessário "mobilizar grandes recursos, fazer grandes reformas, para transformar a indústria e o dia-a-dia" dos cidadãos dos 27.
"O problema está em saber como mobilizar os recursos, como torná-los aceitáveis para todos, cidadãos e empresas".
Ursula von der Leyen ouviu e deixou uma crítica a Nicolas Schmit: "Quem quer ser presidente da Comissão Europeia devia ficar ao lado da sua Comissão".
Já Terry Reintke, a 'spitzenkandidat' dos Verdes Europeus, considerou que é preciso diversificar a indústria para que acompanhe a transição ecológica e se converta numa "indústria verde, com diferentes produtos".
"É preciso dar-lhes capacidades para isso e também reformar a política agrícola da UE. Os agricultores já não vivem do que produzem e nada disto é possível sem investir massivamente. Só investimento ao nível europeu será suficiente", completou.
E da mesma maneira que houve medidas para acabar com a dependência energética de combustíveis provenientes da Rússia, Terry Reintke advogou por um consenso semelhante para matérias-primas, para diminuir a dependência da UE de matérias-primas que provêm de "autocratas".
O 'spitzenkandidat' liberal do Renovar Europa, Sandro Gozi, recusou que haja "espaço para fadiga" no que toca à implementação das políticas ecológicas.
Contudo, falta "implementá-las com inovação", com "mais parceiros, diálogo com empresas, cidadãos, agricultores".
"Não são os cidadãos que têm de pagar [as alterações climáticas], precisamos de criar recursos para isso, fazer com que o nosso mercado único seja mais sustentável, melhor para consumidores e produtores, de impedir o 'green washing' [falsas políticas ecológicas]", referiu.
Já Walter Baier, candidato da Esquerda Europeia para presidente da Comissão Europeia, pediu clareza, em vez de "contradições e paradoxos".
"Precisamos de uma economia verde, mas ela tem de ser uma economia eficiente, precisamos de uma transformação ecológica, mas para isso é preciso investimento massivo, um novo modelo de energia que permita às pessoas acompanharem esta transição", explicou o candidato da esquerda.
"Isto requer centenas de milhares de milhões de euros, por isso insisto que o importante é deixar de lado a austeridade e dar espaço ao investimento", completou.
Os candidatos principais ('spitzenkandidaten') à presidência da Comissão Europeia participam hoje num debate em Bruxelas, marcado pela ausência dos representantes da extrema-direita, no terceiro e último frente-a-frente antes das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho e nas quais votam quase 400 milhões de cidadãos dos 27 Estados-membros da União Europeia.
Este é o terceiro debate que junta os cabeças de lista ('spitzenkandidaten') das bancadas parlamentares da União Europeia às eleições europeias.
Organizado pelo Parlamento Europeu e pela União Europeia de Radiodifusão, o debate de hoje conta com a presença dos candidatos principais dos maiores partidos representados na assembleia europeia estão representados.
A figura dos candidatos principais - no termo alemão 'spitzenkandidat' - surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão, apesar de o modelo não ter sido seguido em 2019.
Este é o procedimento através do qual os partidos políticos europeus nomeiam cabeças de lista para o cargo de presidente da Comissão Europeia, sendo este papel atribuído ao candidato capaz de reunir maior apoio parlamentar após o sufrágio.
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