Não se esperam grandes avanços durante a reunião, que se realiza em Seul. Os analistas consideram, porém, que o simples facto de se reiniciar a reunião anual ao mais alto nível entre os três países é um sinal positivo para a cooperação entre as nações do nordeste asiático.
Na véspera da reunião, o Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, realizaram uma série de reuniões bilaterais, que incluíram alguns temas espinhosos, como a Coreia do Norte, Taiwan e o mar do Sul da China.
Após a reunião com Li, Kishida disse que manifestou preocupação relativamente à situação no mar do Sul da China, em Hong Kong e na região de Xinjiang, no noroeste da China. Kishida afirmou ainda que o Japão está a acompanhar de perto a evolução da situação na ilha autónoma de Taiwan.
Kishida referiu-se à assertividade militar da China no mar do Sul da China, à repressão dos movimentos pró-democracia em Hong Kong e às violações dos direitos humanos contra minorias étnicas de origem muçulmana em Xinjiang. Na semana passada, a China também lançou um grande exercício militar em torno de Taiwan para mostrar a sua ira face à tomada de posse do novo líder da ilha, que se recusa a aceitar que o território faz parte da China.
Quando Yoon se reuniu com Li separadamente no domingo, falou sobre o programa de armas nucleares da Coreia do Norte e o aprofundamento dos laços militares com a Rússia, e pediu à China, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, que contribuísse para promover a paz na península coreana, de acordo com o gabinete de primeiro-ministro sul-coreano.
A Coreia do Sul, o Japão e os Estados Unidos há muito que instam a China - o principal aliado e parceiro económico da Coreia do Norte - a utilizar a sua influência para persuadir Pyongyang a abandonar as ambições nucleares. Mas a China é suspeita de evitar a aplicação integral das sanções da ONU contra o regime norte-coreano e de enviar carregamentos clandestinos de ajuda ao vizinho empobrecido.
Num acontecimento que pode aumentar ainda mais as tensões na península coreana, a guarda costeira japonesa disse hoje que a Coreia do Norte a informou de um plano para lançar um satélite no início da próxima semana, num provável esforço do país para colocar em órbita o segundo satélite espião militar. A Coreia do Norte afirmou que precisa de satélites espiões para monitorizar a Coreia do Sul e os Estados Unidos e melhorar a capacidade de precisão dos seus mísseis.
Os temas sensíveis que envolvem a China não constam da agenda oficial da reunião de hoje.
As autoridades da Coreia do Sul, anfitriã da reunião, afirmaram que uma declaração conjunta após a reunião trilateral vai abranger a discussão dos líderes sobre a cooperação em áreas como intercâmbio interpessoal, alterações climáticas, comércio, questões de saúde, tecnologia e resposta a catástrofes.
As três nações asiáticas representam, em conjunto, cerca de 25% do produto interno bruto mundial. Mas as suas relações têm sofrido retrocessos, devido a questões relacionadas com a agressão do Japão em tempo de guerra, as ambições da China de ser a potência dominante na região e o esforço dos EUA para reforçar as suas alianças asiáticas.
A Coreia do Sul e o Japão são ambos aliados fundamentais dos EUA na região. As suas iniciativas para reforçar a parceria de segurança trilateral com os Estados Unidos foram objeto de repreensões por parte da China.
A reunião trilateral China - Coreia do Sul - Japão deveria ter lugar anualmente, após a primeira reunião em 2008. Mas as sessões foram interrompidas desde a última, em dezembro de 2019, em Chengdu, na China, devido à pandemia da covid-19 e ao agravamento dos laços entre os três países.
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