Jurista. ANC governará África do Sul até 2029 com liderança alargada

O jurista sul-africano André Thomashausen considerou à Lusa que o Congresso Nacional Africano (ANC) irá governar até 2029 através de uma coligação alargada na África do Sul, tendo em conta a perspetiva para as eleições de quarta-feira.

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Lusa
27/05/2024 08:26 ‧ 27/05/2024 por Lusa

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André Thomashausen

"A preferência ideológica do ANC favorece claramente uma coligação de esquerda e muitos dos membros do ANC abertamente consideram Julius Malema, o líder do partido Combatentes para a Libertação Económica (EFF) como o candidato natural para o papel de um 'segundo Nelson Mandela'", declarou André Thomashausen, em declarações a propósito das eleições, quando as sondagens apontam para um resultado abaixo dos 50% para o partido no poder.

Considerando que, "para o EFF de Malema, o modelo para o futuro da África do Sul é o 'Chavismo'", o jurista salientou, todavia, que a "fação" do ANC que representa a "burguesia" na África do Sul "receia a perca da estabilidade económica caso Malema venha a reclamar o cargo de vice-presidente após 29 de maio".

Nesse sentido, afirmou que no seio do partido no poder há quem defenda "uma coligação com um número de pequenos partidos que poderão reunir com o ANC a margem requerida de 51%", sendo que, "caso não venha a ser possível, favorecem uma coligação com o maior partido de oposição, o Aliança Democrática (DA)".

"Não há dúvida que uma coligação entre o ANC e o DA resultará numa rápida recuperação da economia da África do Sul, que está arrastada com uma taxa de crescimento abaixo de 1%, inferior por 4 pontos das economias dos países vizinhos", apontou.

Thomashausen preconizou que "a promessa de maior enriquecimento pessoal por parte dos líderes do ANC muito provavelmente resultará numa coligação que rejeitará as cargas ideológicas da esquerda e dos sindicalistas", numa referência aos parceiros na atual aliança tripartida de governação que integra, desde 1994, o Partido Comunista da África do Sul (SACP) e a COSATU, maior confederação sindical no país.

"No seu conjunto, os possíveis resultados das eleições de 29 maio têm em comum que não haverá alterações de fundo", preconizou, sublinhando que "a futura inclusão de representantes minoritários na grande família do ANC não significará nem uma redução do alto nível de corrupção na África do Sul, nem um melhoramento da capacidade de gestão na administração pública do Estado e nas empresas públicas".

Para o jurista e académico jubilado da Universidade da África do Sul (UNISA), "a grande esperança para a reabilitação da África do Sul reside nas novas perspetivas energéticas onde o desenvolvimento duma indústria do hidrogénio é central".

"E podemos considerar seguro que a Europa, os EUA e a Grã-Bretanha não vão abandonar o seu parceiro histórico em África, cujo posicionamento é fundamental para travar as ambições russas, chinesas e da Índia neste continente", sublinhou André Thomashausen.

De acordo com as sondagens, o ANC, no poder desde as primeiras eleições democráticas do país em 1994, poderá perder pela primeira vez a maioria absoluta no parlamento e ser forçado a formar um Governo de coligação.

Este declínio do ANC, o mais antigo movimento de libertação nacionalista em África, sugere uma "desilusão crescente" entre o eleitorado, que parece "inclinado a explorar opções alternativas" à coligação governativa das últimas três décadas do ANC juntamente com o Partido Comunista (SACP) e a confederação sindical COSATU, segundo o académico sul-africano David Everatt.

Em fevereiro, uma sondagem realizada por este professor de Governação Pública na Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, previu 39% dos votos para o ANC nas eleições gerais deste ano.

Outras três sondagens indicaram também recentemente que o ANC obteria entre 43% a 45% dos votos nacionais se as eleições se realizassem hoje, muito aquém da fasquia dos 51% que o partido de Nelson Mandela diz pretender conquistar quarta-feira.

Leia Também: África do Sul poderá ter 1.º Governo de coligação nacional em 30 anos

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